sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Ensaio sobre a Cegueira

José Saramago
Cia das Letras - 310 páginas


Há pouco tempo comentei uma obra de Saramago e o estranhamento inicial que a leitura de suas obras provoca, especialmente por causa da quase ausência de pontuação e parágrafos.
Voltei ao autor por 2 motivos: Primeiro, por causa da pertinência do tema; segundo, por causa do filme, baseado nesta obra, lançado há 5 meses.

Tudo começa com um motorista que, parado em um semáforo, fica cego de repente. Ele, então, é guiado para casa por um homem que, em seguida, furta seu carro e fica cego também. A partir daí, o oftalmologista e os pacientes do consultório visitado por ele, também são atingidos por essa “cegueira branca”. Como conseqüência, o governo decide colocá-los em quarentena em um manicômio desativado. Terão, então, de se virar sozinhos num lugar estranho que, aos poucos, vai recebendo mais e mais “hóspedes”.


O curioso é que, apesar de existir personagens fixos, nenhum tem o nome descrito. O autor se utiliza de adjetivos para se referir a cada um: o médico; a mulher do médico; o primeiro cego; a mulher deste; a rapariga de óculos escuros; o rapaz estrábico e, por fim, o velho da venda preta. Todos cegos, menos a mulher do médico. Mas, por que será ela foi poupada? Até quando? Numa situação dessas, não seria melhor estar cega também?

No desenrolar da trama outras questões se impõem: “até que ponto vai a degradação humana?”; “Como conviver em meio à miséria e não perder a essência humana?”; “ Como lutar pela vida, quando não se consegue viver dignamente o dia de hoje?”

“Se não formos capazes de viver inteiramente como pessoas, ao menos façamos tudo para não viver inteiramente como animais...” (página 119)
Por fim, podemos fazer uma leitura um pouco mais profunda: será que não existe uma cegueira atual em torno de fatos como a pobreza, as guerras, as maracutaias políticas, etc? Por que será que vemos mas não enxergamos?
“Se podes olhar, vê.
Se poder ver, repara” (epígrafe da obra)


Boa leitura!

2 comentários:

  1. Ah, esse livro deveria ser leitura obrigatória no colégio!

    Afinal, vivemos num mundo onde reina todo tidpo cegueira: moral, espiritual etc

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