quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A psicanálise dos contos de fadas

Bruno Bettelheim
Editora Paz e Terra - 437 páginas

"Cada conto de fadas é um espelho mágico que reflete alguns aspectos de nosso mundo interno e dos passos exigidos por nossa evolução da imaturidade à maturidade."

A primeira vez que me deparei com esse livro foi na faculdade, para fazer um trabalho. Achei bárbaro mas, devido ao tempo (na verdade, à falta dele!), só li os capítulos que interessavam para a pesquisa.

Então, quando há alguns meses um amigo perguntou se eu queria lê-lo, abri aquele sorriso: "Claro!"

A premissa desse livro é que, apesar da simplicidade dos contos de fadas, cada um trabalha aspectos emocionais e psicológicos da criança, de uma forma lúdica e especial.

As histórias modernas, na concepção do autor, evitam problemas existenciais, são "seguras". Já os contos de fadas confrontam a criança com "as dificuldades humanas básicas" : o complexo edipiano (não esqueça, o autor é um psicanalista), a morte, as disputas por carinho/atenção, os conflitos entre irmãos/pais, etc.

Em cada conto, a criança procura se identificar com algum personagem, independentemente do sexo e, com isso, ela vai elaborando suas angústias e dilemas. Por isso, os contos de fadas não apenas divertem, mas esclarecem sobre si próprio e ajudam no desenvolvimento da personalidade da criança.

Além disso, cada um traz uma mensagem: Em "Os Três Porquinhos", a mensagem é que não devemos ser preguiçosos; em "João e o Pé de Feijão", a luta pela independência; em "Cinderela" e "A Branca de Neve", a busca pela individualidade etc 

É claro que o livro se aprofunda em cada conto, explorando ao máximo cada frase, cada detalhe, cada personagem, o que por vezes o torna cansativo.

Mas isso não deve ser empecilho para quem deseja conhecer um pouco mais desse universo fantástico e, especialmente, para quem deseja apresentá-lo a seus filhos, sobrinhos, alunos.

Boa leitura!

p.s. Meus contos favoritos foram Os Três Porquinhos, Cinderela, Branca de Neve, A Bela Adormecida, Rapunzel, A Bela e a Fera...e os seus? : )

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Os sofrimentos do jovem Werther

J.W Goethe (1749-1832)
Coleção Clássicos Abril

"... como pode ser ilusão aquilo que nos faz tão felizes?" (pág 53)

Werther é um jovem que está morando no campo, numa hospedaria em Wahlheim, leva uma vida tranquila e escreve para Wilheim, um amigo (ou parente? Não fica claro), contando de sua vida naquele lugar.

Ele fala dos camponeses, da natureza, dos tipos comuns que encontra por aí até que conhece Charlotte num baile e tudo muda em sua vida.

A moça é comprometida e ele sabe disso antes de conhecê-la, mas ao dançar com ela numa festa, quando o noivo está ausente, descobre-se apaixonado. Terrivelmente apaixonado.

"Desde então, o sol, a lua e as estrelas podem cumprir suas trajetórias celestes sem que eu distinga quando é dia, quando é noite: o universo desapareceu para mim" (pág 38)

A partir daí, o rapaz a visita diariamente e passa a alimentar um amor prá lá de platônico. Ele só pensa, respira, vive e sonha tudo que tenha a ver com a doce "Lotte".

Um dia, porém, o noivo (Albert) volta. Werther perecebe que ele é um bom rapaz e se tornam amigos. Mas nada é como antes e o sofrimento é inevitável. É o fim de suas esperanças em ter Lotte com sua namorada/esposa.

O final é conhecido e conta-se que na época, houve uma "maré de suicídios" de jovens amantes, que se identificaram com o pobre sofredor.

"... ser incompreendido é o destino de muitos de nós..." (pág 18)

A questão é: como lidar com a incompreensão e a desilusão desse mundo?

Boa pedida para refletir!

domingo, 5 de dezembro de 2010

O Pequeno Príncipe

Antoine de Saint-Exupéry
Editora Agir - 100 páginas


"...só se vê bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos..." (pág 74)


"... os olhos são cegos. É preciso buscar com o coração..." (pág 83)


10 entre 10 misses já leram. Ronnie Von citava trechos dessa obra em seu programa anos atrás. Nossas mães leram, nossas tias também...


Mas, o quem tem de tão importante nesse livro, escrito em 1943 por um francês aviador, que morreu no ano seguinte ao seu lançamento?


Para mim a resposta está na simplicidade do tratamento das questões da vida:
Por que algo/alguém se destaca na multidão e é importante para nós?
Por que nos encantamos com as estrelas e com um belo por do sol?
O que as crianças sabem que as "pessoas grandes" não sabem?



A trama gira em torno de um pequeno príncipe, que vem de um planeta distante, e se encontra com um piloto no deserto do Saara. Este está arrumando seu avião, que apresentou problemas, e se espanta com a pequena criatura que lhe pede o desenho... de um carneiro!


A partir daí, o jovem príncipe conta sobre seu planeta, que possui 3 vulcões (sendo um extinto) e uma flor com 4 espinhos, e das viagens que fizera a seis planetas, antes de chegar à Terra.


Em cada planeta, ele conhece um personagem excêntrico: o rei que mora só e não tem a quem governar; um vaidoso, que quer ser admirado; um bêbado,  que bebe para esquecer a vergonha de beber; um homem de negócios, que se diz dono das estrelas; um acendedor de lampiões, que faz o que está no regulamento; e por fim, um velho geógrafo que escreve livros.


Seus diálogos com esses personagens são narrados, assim como  as conversas com as rosas, com o guarda-chaves, com a serpente, com a raposa.


Aliás, como esta última é travada a famosa conversa sobre a necessidade de se cativar alguém, a fim dela ser especial para você:


" Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas" (pág 74)"
"...se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros..." (pág 70)


É uma obra universal, que agrada crianças, jovens e adultos em qualquer lugar e em qualquer época, por isso que ainda hoje é lembrada e admirada por todos.


É um livro que cativa, por isso, vale o recado:


" A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixou cativar..." (pág 84)


Boa leitura!


p.s. vejam que tirinha fofa sobre nosso pequeno-grande-heroi

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Querido John

Nicholas Sparks
Editora Novo Conceito - 288 páginas


"...paixão é paixão. É o entusiasmo intercalando o espaço do tédio, e não importa a que se dirige (...) As pessoas mais tristes que já conheci na vida são as que não se importam profundamente com nada. Paixão e satisfação caminham lado a lado. Sem elas qualquer felicidade é apenas temporária, porque não há o que a faça durar..." (págs 65 e 66)

Já disse uma vez que livros que ficam por muito tempo na lista dos mais vendidos me intrigam. Por isso, resolvi dar uma "espiadinha" nesse e...me emocionei com a trama.

Já adianto que é um romance bem meloso, mas a leitura flui fácil e você não quer parar de ler!

Tudo começa quando uma bolsa de praia cai no mar e, um jovem soldado em licença (John), mergulha para apanhá-la e devolver à sua dona, a bela Savannah.

A partir daí, nasce um amor genuíno entre os dois, que é alimentado pelos dias que passam juntos, sabendo que em breve terão de se separar. John precisa voltar para a Alemanha e Savannah para sua casa.

Além da distância, existem outros problemas, como as "manias" do pai de John, as consequências de um incidente na praia e, acima de tudo, o fatídico 11 de Setembro.

Não dá prá contar mais, senão estraga, mas vale a pena ver como a paixão inicial dos dois se transforma num amor de verdade e o que esse amor é capaz de fazer.

Boa leitura!

terça-feira, 16 de novembro de 2010

O Estrangeiro

Albert Camus (1913-1960)
Editora Record - 126 páginas

"Desejava afirmar-lhe que eu era como todo mundo. Mas tudo isso, no fundo, não era de grande utilidade e deixei de lado por preguiça." (pág 70)

O jovem Mersault perde a mãe, que vivia há 3 anos num asilo, e não demonstra nenhum sentimento de dor no velório e no enterro. O calor, a viagem, o sol são fatores que o perturbam mais que a morte da mãe.

O fato não seria de todo relevante se, pouco tempo depois, ele não tivesse cometido um assassinato de um árabe, de modo frio e, aparentemente, premeditado.

Albert Camus mostra todo o pensamento do jovem que, até o fatídico dia do assassinato, curtia a nova namorada Marie, nadar no mar e comer no bar do amigo Céleste.

Então, ele se importava com algo, certo?

Na verdade, para Mersault, tanto fazia casar ou não; tanto fazia se a mãe estivesse viva num asilo há 80 Km ou estivesse morta; tanto fazia se o vizinho queria se vingar da namorada exploradora; tanto fazia que estivesse preso; tanto fazia se acreditassem nele ou não...

O existencialismo apregoado não dependia de destino, de Deus, de nada, mas do absurdo da vida e das coisas que acontecem.

Porém, o jovem age como que num torpor diante de tudo, até da prisão. A cena em que Marie o visita na prisão, separada por grades, é emblemática. Ele vê a tudo, a todos, ouve fragmentos e se perde divagando...

É uma obra forte, cujo final é um grito de socorro de alguém que não quis enxergar a beleza divina e preferiu viver cego num mundo tão lindo.

O livre arbítrio existe e nem todos tem sabedoria na escolha...

Boa leitura!

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Leite Derramado

Chico Buarque
Companhia das Letras - 200 páginas

"...mas se com a idade a gente dá para repetir certas histórias, não é por demência senil, é porque certas histórias não param de acontecer em nós até o fim da vida." (página 184)

Imagine um senhor bem velhinho, com mais de 100 anos, debilitado numa cama de hospital, relembrando sua vida...É disso que se trata esse livro. Só que, como se trata de Chico, tudo ganha ares poéticos...até o estado de vida em que se encontra o pobre ancião.

Eulálio vem de uma família tradicional, que teve barão e senador na linhagem e, no decorrer da vida, foi perdendo tudo: sua jovem esposa Matilde, seus bens, sua casa, sua saúde...

As lembranças de Eulálio se transformam  num monólogo dirigido às enfermeiras que cuidam dele, à filha idosa e a quem quer que apareça por lá.

Ele vai e volta no tempo, intercalando passado e presente. Fala do tataravô e do tataraneto e, de repente, reclama de sua situação atual no hospital.

Matilde, a jovem esposa que o abandona após o nascimento da filha, é o tema recorrente dos bons e maus momentos da sua vida. A paixão avassaladora, o nascimento da filha, os passeios à praia, as danças da mulher, tudo ganha um tom saudosista na fala do querido personagem.

É interessante notar que tanto os pais/avós, como os netos/bisnetos herdam o nome Eulálio e, às vezes, dá até uma certa confusão em saber "quem é quem". Lembrou-me Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez, que repete os nomes nos filhso/netos à exaustão!

O livro é belo, engraçado, reflexivo...uma leitura obrigatória, enfim!

domingo, 31 de outubro de 2010

Coleção Itaú de Livros Infantis


O Itaú está doando 4 livros infantis no site http://www.lerfazcrescer.com.br/ no mês de outubro (não sei se a promoção se estenderá para novembro).

Como tenho 3 sobrinhos pequenos, decidi arriscar e pedir. A encomenda chegou rapidinho e, no último domingo, eu e a Bia (8 anos) lemos todos de uma vez só.


No final, claro, trocamos algumas ideias...


1) Os Três Porquinhos - Os porquinhos constroem suas casinhas de palha, madeira e tijolos, como aprendemos desde pequenos. Só que, nessa versão, o Lobo Mau consegue comer os 2 porquinhos relapsos e, no final, o irmão precavido os tira de dentro da barriga do Lobo.
Nem preciso dizer que a Bia arregalou os olhos e disse: "Mas é o Lobo da Chapeuzinho que come a vovó! Esse lobo só devia perseguir os porquinhos e não comer!"


2) Lobisomem - Como ela viu a nova febre do Crepúsculo, imaginava um lobisomem a la Jacob e não um menino franzino, irmão caçula de 7 mulheres (como bem reza a lenda). Aliás, a lenda é bem detalhada, mas o final...deixa a desejar.
Ela também não gostou dos cemitérios e crânios das figuras...achou macabro. Eu também!


3) O Jogo da Parlenda - Ah, amamos os versinhos e ditados infantis! A historinha não tem pé nem cabeça, mas diverte : )


4) Bem-te-vi e outras poesias (de Lalau e Laurabeatriz) - tem umas poesias bonitinhas ("Paraíso", "Eclipse" e "Mar") e uma bem tristinha ("Peixinho"). Ela também gostou!


O legal foi que a leitura dos livros despertou o interesse dela em discutir o que foi lido e propor novos finais...

Aliás, ela me propôs um desafio: escrever uma historinha e deixar as ilustrações por conta dela. Já começamos no mesmo dia. Agora, é arranjar tempo para concluir nossa grande obra!


Boa leitura!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Insustentável Leveza do Ser


Milan Kundera
Cia de Bolso - 312 páginas

"...não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação..."

Através da vida de seus 4 personagens principais, o autor traça os conflitos psicológicos-amorosos de cada um, tendo como pano de fundo a política da antiga Tchecoslováquia (hoje República Tcheca).

O médico Tomas vive procurando um algo mais em cada mulher que conhece, mesmo depois de encontrar seu amor, a insegura Tereza. A mulher que, segundo ele foi o resultado de seis acasos, tem pesadelos terríveis e acha uma razão de viver ao ganhar a companhia de Karenin, uma cachorrinha.

Interessante são os pensamentos que o autor empresta aos personagens para falar de amor, desejo, amizade, família, raiva, amor à pátria, vida sentimental:

"Enquanto as pessoas são ainda mais ou menos jovens e a partitura de suas vidas está somente nos primeiros compassos, elas podem fazer juntas a composição e trocar os temas. Mas se encontram numa idade mais madura, suas partituras musicais estão mais ou menos terminadas, e cada palavra, cada objeto, significa algo de diferente na partitura do outro."

"...o instante em que nasce o amor: a mulher não resiste à voz que chama a sua alma amedrontada; o homem não resiste à mulher cuja alma se torna atenta à sua voz..."

"... o amor começa no momento em que uma mulher [pessoa] se inscreve como uma palavra em nossa memória poética..."

Ao mesclar as relações entre os personagens (Tomas e Tereza / Tomas e Sabina / Sabina e Franz), ele mostra como mudanças absurdas ocorreram por causa da invasão russa em Praga, do estrago que foi para o país como um todo e aí pergunta:

" o problema fundamental não era: sabiam ou não sabiam? Mas: seriam inocentes apenas porque não sabiam? Um imbecil sentado no trono estaria isento de toda responsabilidade somente pelo fato de ser um imbecil?"

Enfim, trata-se de um romance denso, repleto de situações para reflexão e que tem um desfecho de deixar lágrimas nos olhos, ao contar com detalhes os últimos momentos de vida da cadelinha do casal, Karenin, cujo nome foi emprestado de Anna Karenina, de Tolstói (aliás, excelente romance que logo ganhará uma resenha aqui).

Vale a pena a leitura!

domingo, 24 de outubro de 2010

iPad

Ah, eu tinha de contar que, agora, tenho um novo companheiro de viagem: um iPad!
Desde semana passada, quando minha maninha chegou de Las Vegas, trouxe na mala esse pequeno companheirinho, que me encantou desde o princípio!

Imagine ter a coleção de C.S Lewis, os poemas de Fernando Pessoa, a Bíblia, um bom dicionário em inglês, enfim, tudo que você ama, numa telinha ao alcance dos seus olhos, numa interatividade absurda!

Minha diversão nesses dias tem sido baixar aplicativos de revistas/jornais, mídias sociais, jogos e, claro, livros free. Ainda não me aventurei a comprar edições digitais, mas assim que sair de férias, terei mais tempo para pesquisar e, claro, entrar de vez na era do e-book.

Claro que não é possível abandonar o papel de vez - e creio que dificilmente isso ocorrerá - mas já é um alívio saber que poderei viajar sem peso extra na mala, só porque decidi levar alguns livros para me divertir...

Na Veja desata semana, aliás, tem uma reportagem interessante sobre a resistência dos jovens aos e-books.
Estamos numa fase de transição e muita coisa ainda vai mudar...Escreve, ops, digita aí!

Abs e...até breve!

Paulinha
p.s.Estou acabando de ler "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera (em papel!) e logo postarei a resenha.

domingo, 17 de outubro de 2010

Através do Espelho

 Jostein Gaarder
Cia das Letras - 141 páginas

"Cecília estava tão doente que o Natal era como um punhado de areia que lhe escorria entre os dedos, enquanto ela cochilava ou ficava acordada" (pág 11)

Já aviso: esse é um livro triste, que desperta emoções profundas, ao refletir sobre a eminência da morte de uma garotinha com câncer terminal.

Não é um livro que se leia sem que uma lágrima caia vez por outra, ainda mais quando a gente se reconhece em algumas situações, como no meu caso. Mas...isso é uma outra história que qualquer dia conto (em livro ou por aqui).

O autor de O Mundo de Sofia e A Garota das Laranjas conta a história da pequena Cecília, que tem câncer, e está em casa em seus últimos dias de vida. Os pais, avós e irmão têm a rotina alterada no Natal e ficam todos de sobressalto a qualquer chamado pelo "sininho" da cabeceira da cama de Cecília.

Só que ela não está só. Um anjo, Ariel, aparece para confortá-la e conversar sobre os grandes dilemas da vida: o que é viver? O que são os sentidos? O que é este mundo diante de um universo com mais de 100 bilhões de galáxias? O que fazem os anjos?

Cecília aproveita para anotar seus pensamentos em um caderninho.
Coisas como:


 "acho muito estranha ser eu" (pág 4);

" eu compreendo muito melhor as coisas agora que estou doente". Parece que o mundo inteiro ficou um pouco mais nítido" (pág 46);

" será que um pensamento ou uma lembrança não é como um certo desenho formado pelas pedrinhas na praia da consciência?" (pág 88)



Com uma sensibidade que lhe é peculiar, o autor filosofa de uma forma diferente e emocionante do começo ao fim.

Vale a pena a leitura!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Antologia Poética

Vinícius de Moraes (1913-1980)
Companhia das Letras - 328 páginas


A primeira poesia de Vinícius que ouvi foi "Soneto de Fidelidade", quando era adolescente. A partir daí, passei a amar poesia e, claro, decorei o soneto em 2 tempos.

Agora, ao reler a coletânea de poesias de várias épocas da vida do autor, sou tomada pelo mesmo encantamento adolescente.

Como ficar indiferente ao ler "Ausência", "O Incriado", A Máscara da Noite", "Vida e Poesia", " A Vida Vivida", "Ternura" etc?

Vinícius evoca a mulher amada, a praia, o mar, as ondas, o pescador, o Rio de Janeiro, a morte, os amigos, o sofrer por amor, a beleza da vida...

São temas universais destilados poeticamente, que não se perdem no tempo, nem no espaço.


"...a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida..." (pág 21 - em "Ausência")

"...no meu coração intranquilo não há senão fome e sede / De lembranças inexistentes..." (pág 63 - em "Solilóquio")

"...Pensar nele [meu amor] é morrer de desventura / Não pensar é matar meu pensamento..." ( pág 182 - em "Soneto de Carnaval")

"...Amo-te, enfim, com grande liberdade / Dentro da eternidade e a cada instante..." (pág 299 - em "Soneto do Amor")

Quer mais? Então leia a obra a toda.
Seu coração agradece.

Em tempo: Se estivesse vivo, nosso querido poeta completaria 97 anos no próximo dia 19.

Boa leitura!

domingo, 10 de outubro de 2010

Hamlet, Rei Lear e Macbeth

William Shakespeare (1564-1616)
Clássicos Abril Coleções - 597 páginas

Essa edição contempla 3 das 7 tragédias do grande escritor inglês, cujo tema é o mesmo, conforme Bárbara Heliodora: "como o homem enfrenta o mal que sempre existe e o que o mal faz dele".


1. HAMLET

Trata-se de um drama familiar e político, que se desenrola a partir da aparição do fantasma do rei ao seu filho Hamlet, príncipe da Dinamarca. O motivo? O fantasma confessa ao filho que foi envenenado por Claudio (tio de Hamlet), o atual rei e atual marido de Gertrudes (mãe de Hamlet).
A partir daí, o jovem se faz louco e quase não sobra gente prá ter história prá contar!
Destaque especial para o diálogo de Hamlet e Horácio com os coveiros.
Se você acha que a obra se resume ao "ser ou não ser" ou ao famoso bordão "há algo de podre no reino da Dinamarca" precisa ler a obra toda.

2. REI LEAR

Rei Lear, o rei da Grã Bretanha, decide dividir o reino em 3 e dar as partes para as filhas Goneril, Regan e Cordélia. Para isso, pede para que cada uma fale sobre seu amor ao pai. As mais velhas o bajulam, mas a caçula fala a verdade, com amor. O rei, sem perceber o verdadeiro amor desta, se irrita, divide o reino em 2 partes e deserda Cordélia.
O rei da França aceita casar com Cordélia, pois "ela é um dote em si" (verso 241) e partem.
Tudo podia acabar por aí, mas aos poucos as filhas mostram quem realmente são ao impor limites às vontades do pai. Este descobre, tarde demais, quem foi a filha que verdadeiramente o amou...
Em paralelo, outras histórias se entrelaçam à trama principal, como a do fiel conde de Kent e a do conde de Gloucester e de seus 2 filhos, Edgar (legítimo) e Edmund (bastardo).
Traição, ambição, erro de julgamento, arrependimento, dor, amor e morte. Todos esses ingredientes aparecem nessa tragédia, que é considerada "a definitiva" obra-prima de Shakespeare.

3. MACBETH

Tudo começa quando 3 bruxas prevêem o futuro de Macbeth, primo do rei Duncan (rei da Escócia).

Ao ver que as bruxas acertaram as 2 primeiras previsões em curto espaço de tempo, Macbeth planeja matar o rei para que a terceira ("um dia [você] há de ser rei!") também se cumpra logo.

Sendo assim, Macbeth e Lady Macbeth planejam a morte do rei quando esse se encontra hospedado em sua casa e decidem culpar os guardas. O rei é assassinado e, a partir daí, para encobrir falhas do meio do caminho, muitas mortes acontecem.

Loucura, ambição ao poder e culpa são tratados nessa tragédia de forma que só um mestre como ele é capaz.

Boa leitura!

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Fuga da Coréia do Norte

Uma busca desesperada por alimento, amor e vida
Paul Estabrooks

(Ed Portas Abertas - 165 páginas)

"Quem já desfrutou a liberdade deve refletir seriamente sobre o que deve ser para os que não tem esse privilégio." (Pil Soo Lim, norte-coreano - pg 138)

Atualmente a Coréia do Norte voltou a aparecer no noticiário graças aos rumores de sucessão de Kim Jong-il, doente, que prepara seu filho e irmã.

Mas pouco se fala ou sabe da condições em que vivem os norte-coreanos.

Esse livro conta a história de vida de Pil Soo Kim (Peter), sua esposa Myung Hee Kim (Maria) e seus 2 filhos pequenos na Coréia no Norte. Com a falta de comida, restou à família comer sopa de relva, colhida na montanha, e ao pai arriscar sua vida em busca de sobrevivência.


As promessa de fartura e comida feita pelo "Grande Líder" (Kim Il Sung) e depois por seu filho se mostraram falsas e o povo, cada vez mais, passou a sofrer os efeitos disso, com fome, frio e doenças. A morte era - e é - uma constante e as rações distribuídas não são suficientes para matar a fome por 1 mês inteiro; duram, se muito, 5 dias.

Um dia, porém, Pil conheceu um missionário cristão através de um amigo, fugiu para a China atravessando o gelado rio Tunem, e foi em busca de comida. Lá ele encontrou não só o alimento para o corpo, mas o alimento para o espírito, que é a vida em Jesus. A partir daí, sua vida passou a ter um significado e ele viveu grandes experiências de livramento e vitória.

O livro conta como é a realidade na Coréia, o que o governo diz (e faz), como a liberdade é cerceada em tudo e a diferença que os cristãos têm feito na vida daquelas pessoas.

É imposível não se emocionar com a história de vida dessa família, mas a nossa alegria é saber que Deus ama a todos e está usando pessoas ao redor do mundo para ajudar os norte-coreanos e outros povos oprimidos.



Boa leitura!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Aquela Canção

12 Contos para 12 Músicas
Vários Autores
Publifolha - 176 páginas

A música me inspira. A boa música, que fique bem claro! Não raro, me pego rabiscando palavras, frases soltas, pseudo-poemas após ouvir uma bela canção...
Esse livro pegou meu ponto fraco, pois juntou música e conto numa coisa só.

Os autores foram convidados a escrever um conto a partir de uma música conhecida. E assim nasceram "A Última Cartada" (de Livia Garcia-Roza) a partir de "Anoiteceu"; "Vem" (de Eucanaã Ferraz) a partir de "Carinhoso", "Entre Nós", a partir de "Corcovado" e outros contos deliciosos.

Meus favoritos? "Duas Canções" de Moacyr Scliar, sobre a vida de Napoleão num fim de mundo qualquer; a trágica "É doce morrer no mar", de José Eduardo Agualusa; a intrigante "Entre nós", de Rodrigo Lacerda e a engraçada "Se meu mundo cair", de Luis Fernando Veríssimo.

É interessante ver como cada música desperta um sentimento especial em cada autor e, claro, como nós reagimos a cada uma delas...

Marçal Aquino tem um conto envolvente e inverossímil sobre o relacionamento de uma moça de classe média e ... um sem teto! E a música que a inspirou foi "Último Desejo" de Noel Rosa, quem diria!

Em tempo: um CD com as 12 músicas inspiradoras acompanha o livro : )

Não sei se iriei escrever um livro algum dia, mas se for, certamente irei me inspirar nesse formato.

Boa leitura!


Se quiser ler algo que escrevi, tem "Para Sempre" e "Incontrolável", perdidos num blog por aí...

domingo, 29 de agosto de 2010

A breve segunda vida de Bree Tanner

Stephenie Meyer
Intrínseca - 191 páginas

Nenhuma novidade nesse romance da série Crepúsculo, que resgata a história da vampira recém-criada Bree, uma "personagem relâmpago" de Eclipse.
O contexto é a criação de novos vampiros que têm como objetivo atacar a família Cullen e, por tabela, acabar com a vida da humana Bella. A vampira má Victória está por trás disso tudo e é mais que sabido e manjado e por todos.
O livro não tem capítulos, como os anteriores, e parece ter sido escrito às pressas para aproveitar o "boom" do momento.
Interessante é o comentário da autora na introdução, quando diz "quanto mais eu me aproximava do fim inevitável, mais queria ter terminado Eclipse de um jeito um pouco diferente" (pág 9).
Stephenie fez uma saga de sucesso e não precisava acabar dessa forma.

Quer dizer, as coisas podem não acabar por aí. Não duvido nada se logo surgir alguma história de um personagem perdido ou esquecido nas tramas anteriores. Minha aposta? Vai para o "Freak Fred", vampiro recém-criado, amigo de Bree, que foge para Vancouver e tem talentos especiais.


Aguardem!

sábado, 21 de agosto de 2010

O livro mais mal-humorado da Bíblia: a acidez da vida e a sabedoria do Eclesiastes


Ed René Kivitz
Editora Mundo Cristão - 224 páginas


Quem já leu o livro de Eclesiastes na Bíblia sabe que o tema central gira em torno do sentido da vida:
" Eu queria saber o que vale a pena, debaixo do céu, nos poucos dias da vida humana." (Ec 2:3)

Com a lucidez que lhe é característica, o autor aborda as vaidades e o problemas tratados pelo Eclesiastes e como vencer cada um, seja ele o tédio, a injustiça, a religião, o dinheiro, a pretensão, a insensatez, o tempo, entre outros.

De Camus à Pascal, passando por Heisenberg, C. S Lewis, Nietzshe e tantos outros, Ed passeia pelo conhecimento de grandes homens, sempre mostrando o que a Bíblia tem a dizer. É uma delícia esse embate!

Se por um lado o Eclesiastes (escrito no século III a.C) mostra que a vida deve ser aproveitada, diz também que Deus julgará a todos (cap 12:14). Então, como viver bem e intensamente?

O autor nos sugere caminhos para se chegar a essa resposta, que não é pronta e nos faz refletir sobre assuntos espinhosos como a morte, a vida que diz ter e a vida que se quer etc.
Por fim, ao mostrar que a vida tem de ser vivida em 3 esferas (a dos problemas com suas soluções; a dos paradoxos e das perplexidades), nos ensina como viver sempre com fé.

Se você procura um livro bem-humorado, inteligente e que instiga a reflexão à luz da Palavra, achou.


Boa leitura!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Mensagem

Fernando Pessoa (1888-1935)
Clássicos Abril - 113 páginas

"Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena..." (página 66 - Mar Português)

Quem não conhece esse trecho de Pessoa?
Mensagem foi o único livro em língua portuguesa publicado em vida por Pessoa. E tudo indica que ele escreveu ao longo de vários anos, entre 1913 e 1934.
Aqui ele celebra o nacionalismo português, as viagens pelo mar afora, as conquistas, as perdas...
Há muito simbolismo e alusão à grandes reis, por isso o rodapé desta edição torna-se precioso e indispensável para um bom entendimento.

Para quem só conhecia os heterônimos de Álvaro de Campos, Alberto Caieiro e Ricardo Reis, vale a pena conhecer esse Fernando (que, aliás, criou 72 heterônimos!) nacionalista e cheio de ideais.

"Deus quer, o homem sonha, a obra nasce" (página 55)

Simples assim?
Para um mestre como ele, sim...

Boa leitura!

domingo, 8 de agosto de 2010

Oração: cartas a Malcolm

C.S Lewis (1898-1963)
Editora Vida - 157 páginas


"Deve-se aprender a caminhar antes que se possa correr. Nós não devemos ser capazes de adorar a Deus nas ocasiões mais ilustres se não adquirimos o hábito de fazê-lo nas mais triviais."


Quem é fã dos livros das "Crônicas de Nárnia", como eu, sabe: C.S. Lewis é "o cara" para nos envolver com simplicidade ao falar de coisas do reino de Deus.


Mas esse é um livro diferente por vários motivos. Os capítulos são, na verdade, várias cartas escritas a seu amigo Malcolm, com pensamentos e teorias (se é que podemos dizer assim) sobre oração.


Cada capítulo-carta aborda um aspecto da oração: quando fazer? Como saber que ela é importante a ponto de merecer uma súplica? Como ele enxerga o Pai Nosso? E os livros de orações (comuns na época), são válidos? O que é ser religioso? Qual "eu" deve aparecer na oração? Por que é mais fácil orar pelos outros? Purgatório existe? Como ele vê a ressurreição? Orar é sempre bom? Por que nos distraimos muitas vezes?


Uma ressalva a fazer é que Lewis menciona muitos autores, eruditos, conhecidos contemporâneos e as leituras explicativas dos rodapés passam a ser obrigatórias, tornando-se, por vezes, cansativas.

Além disso, ele muda de assunto sem concluir o raciocínio anterior, em algumas partes. Mas, como estamos lendo "cartas", pode estar aí a justificativa para alguns desses "lapsos".

O livro tem uma premissa interessante , é bom mas...ainda fico com Nárnia e outras obras dele, como A anatomia de uma dor, Milagres e O problema do Sofrimento.

Boa leitura!

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Quebrando Paradigmas

Ed René Kivitz


Abba Press 101 páginas



Quem conhece o Ed sabe que ele é bem didático. Sempre que vai falar de algo, explica conceitos prévios, situa o interlocutor/leitor e, a partir daí, discorre sobre o tema. Além disso, ele sempre mostra a visão de vários pensadores e estudiosos , além de mostrar o que a Palavra a Deus tem a falar sobre a questão.

Nesse livro, ele começa dando o conceito de paradigma:

Paradigmas são as fronteiras dentro das quais o sucesso deve ser construído e as soluções para os problemas devem ser encontradas. São limites de possibilidades.

Depois, ele discorre sobre exemplos de paradigmas que foram reformulados para o bem e de outros que são irrevogáveis.

Ele explica que ao mesmo tempo que estabelecem referências de segurança, os paradigmas podem se transformar em bloqueios para projetos que beneficiariam milhares de pessoas. Por isso, eles devem ser repensados e aprimorados, mas sempre, à luz das Sagradas Escrituras.
A partir daí, ele mostra quais são a razão de ser, a missão e a filosofia da igreja, independentemente da linha que esta siga.

A igreja tem sua razão de ser ao buscar a reconciliação da criação com o Criador. Sua missão é levar o evangelho todo para o homem todo. E a filosofia é forma que cada igreja irá desenvolver sua maneira de cumprir sua missão; é seu jeito de ser.

Para que a igreja cumpra seu papel, ela precisa quebrar alguns paradigmas para viver além dos limites do culto dominical, do clero e do templo. Sem desmerecer essas dimensões, a igreja precisa desenvolver em seus membros a plenitude do que é ser cristão no dia-a-dia, na segundona brava de trabalho, no crescimento espiritual diário.

Para isso, ele incentiva a criação de pequenos grupos e o processo de discipulado. Este começa na conversão do indivíduo, passa pelo batismo, floresce na maturidade e se perpetua no ministério de discipulado de outros.

O livro é excelente não apenas para líderes de igrejas, mas para todo cristão que quer fazer diferença num mundo em que todos buscam ser iguais...

Boa leitura!

terça-feira, 29 de junho de 2010

Alice

Aventuras de Alice nos País das Maravilhas (1865) & Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá (1872)

Lewis Carroll (1832-1898)
(Editora Zahar - 317 págs)


Todo mundo já leu ou ouviu falar das histórias da pequena Alice, que se mete em confusões no "Mundo das Maravilhas". Mas ler a obra de Carroll é algo obrigatório prá quem deseja saber um pouquinho mais, já que nenhum filme foi capaz de dar conta da grandiosidade da obra.


Duas coisas ressaltam ao leitor: as situações / os diálogos malucos, que nos fazem rir pelo absurdo e a graça da falta de coerência dos sonhos que temos.


Carroll, sinceramente, não estava sóbrio quando decidiu escrever certas cenas...Tome-se o exemplo de quando a cozinheira, que faz sopa com muita pimenta, arremessa as panelas na duquesa, que embala um bebê-porco no colo. Ou o fato dele ter escolhido uma lagarta para fumar narguilé e dar lições de moral.


Trechos como o chá com o Chapeleiro Maluco (coitado, só ele recebe esse adjetivo, sendo que há personagens muito mais doidos que ele!) com a Lebre de Março e o Caxinguelê; o jogo de craqué da Rainha Vermelha;  o bordão "cortem suas cabeças!" e o roubo das tortas e o julgamento são, de certa forma, conhecidos de todos.


No segundo livro (Através do Espelho), Alice volta para esse país mágico, depois de ter brincado com suas gatinhas em casa. Ela consegue atravessar o espelho da sala, chegar na outra casa e sair para o jardim, onde as flores falam com ela.


Ao conversar com a Rainha Vermelha, descobre que também pode ser uma rainha, mas precisa cumprir algumas tarefas e chegar até à Oitava Casa. Então, ela parte rumo a seu objetivo e, claro, encontra criaturas absurdas em situações tão absurdas quanto!


As cenas com gordinhos Tweedledum e Tweedledee são ótimas - eles discordam de tudo, dizendo a mesma coisa de modo diferente, ou coisas diferentes, do mesmo modo. Ou..quase isso! O poema da Morsa e o Carpinteiro é hilário, assim como as várias poesias e músicas recitadas ao longo dos 2 livros.


As rainhas são capítulos à parte: a Branca é desleixada e vive "às avessas", com sua memória nos 2 sentidos (para trás e...para frente); a Vermelha é autoritária (mas não manda mais cortar as cabeças dos coitados nessa segunda obra).


Humpty Dumpty, o personagem ovo-baixo-gordo também diverte. Seu diálogo sobre tempo e idade é excelente. Também quero ganhar presente de "desaniversário", como ele...


A história ainda tem a luta do leão com o unicórnio; os mensageiros Haigha e Hatta; os cavaleiros que só caem do cavalo (e um deles dá uma receita perfeita para não cair mais cabelo!) e o banquete final, quando Alice se transforma em Rainha!


Viver é sinônimo de sonhar...ou seria o contrário? No mundo de Alice tudo é possível...


Boa leitura!

p.s o filme de Tim Burton é ótimo, mas mistura coisas dos 2 livros, usando os personagens em situações diferentes das apresentadas na obra. Ele mexeu, e muito, na Rainha Branca, sem falar que inventou a cena do noivado inicial. Omitiu os vários animais da obra, como os camundongos, o Grifo, a Tartaruga Falsa, a cozinheira maluca, a ovelha da loja/barco e...o Humpty Dumpty (esse sim, imperdoável!).

sábado, 29 de maio de 2010

Como Treinar o seu Dragão

Cressida Cowell
Ed Intrínseca - 224 páginas

Esse livro é uma graça e vai agradar toda a família!

Ao invés de Asterix, Obelix, Ideiafix e cia, entram em cena outros heróis vikings: Soluço, Stoico, Impiedoso, Banguela.

Tudo começa quando Soluço Spantosicus Strondus III, filho do grande chefe Viking Stoico, se prepara para capturar seu 1º dragão e se tornar, definitivamente, um membro da tribo Viking (Hooligans Cabeludos).

O menino de 10 anos e mais 9 "amigos" tem de passar por um teste militar de 3 fases e, como ele é o mais baixo, magro e...fraco, acaba sendo motivo de bullying dos demais, com exceção de Perna de Peixe, seu amigo de verdade.

Ao criar a Ilha de Berk, onde vivem vikings com seus costumes e lendas, a autora nos faz viajar e rir das situações absurdas pelas quais os garotos são obrigados a enfrentar, tais como: a busca pelo dragão-bebê na "creche" da caverna; a forma de educar os bichos; as competições do Dia de Thor (hilárias) etc

O livro é todo ilustrado, com desenhos feito à mão, com grafite.  Parece que foi sendo escrito e rabiscado ao mesmo tempo, o que faz a leitura fluir deliciosamente.

Ao valorizar o diálogo e a criatividade, em detrimento dos gritos e brigas, são destacadas atitudes positivas para a garotada, sem cair no senso comum das lições de moral.

O dragão Banguela, bichinho de Soluço, apesar de egoísta, tem uma atitude totalmente altruísta, quando menos se esperava dele e tudo porque o menino soube como tratá-lo.

Enfim, para quem quer presentear um pré adolescente (como é meu caso), trata-se de uma excelente leitura!

terça-feira, 25 de maio de 2010

O Mar de Monstros

Rick Riordan
Intrínseca - 286 páginas

Percy Jackson está de volta com uma missão...quer dizer, a missão não é dele mas, subvertendo as ordens do novo diretor de atividades, Tântalo, ele parte rumo ao Mar de Monstros para salvar seu amigo sátiro Grover. Na bagagem, claro, leva Annabeth e seu novo amigo Tyson.


Através de estranhos pesadelos, Percy consegue se comunicar com Grover, preso numa ilha por Polifemo, um ciclope enorme e mau, que se alimenta de sátiros. Além disso, o pinheiro de Thalia foi envenenado na fronteira do acampamento e, com a expulsão de Quíron de lá, todos os alunos estão em perigo com as falhas na defesa do local.

A solução é achar o velocino de ouro e, para não perder o costume de ser previsível, adivinhem onde o bendito velocino está?
Como no 1º livro, as crianças se metem em encrencas e novos personagens míticos aparecem, como os ciclopes, os cavalos do mar e as Irmãs Cinzentas (3 velhas, de novo!, que só possuem 1 olho e alternam a vez para usá-lo).

Por fim, mais uma vez é impossível fugir das semelhanças com a história de Harry Potter, já que o malvado Cronos, despedaçado, agora quer juntar seus pedaços para voltar forte, rumo à profecia final. Bem familiar, não?

Mas os personagens olimpianos vieram para nos divertir e, nesse sentido, vale a pena conferir mais esse episódio da saga.

Boa leitura!

sábado, 8 de maio de 2010

A Divina Comédia – Inferno


Dante Alighieri (1265-1321)

(Abril Coleções – 430 páginas)

“Deixai toda esperança, vós que entrais”
(Placa na porta do inferno - in canto III - verso 9 )

Dante, no meio de sua vida, se vê no Inferno, vivo, conduzido por Virgílio, poeta autor de Eneida. Este atende aos apelos de Beatriz (sua musa na vida real), que está no Paraíso, para ser guia de Dante.

O que se segue daí em diante é a trajetória dos dois pelos 9 círculos do inferno (os 2 primeitos no limbo) e as histórias de alguns de seus condenados. Aí, entram personagens verdadeiros (clérigos, conhecidos, personalidades, muitos, aliás, de seus desafetos) e mitológicos:

1. Não batizados (limbo);
2. Pecaram pela luxúria (limbo);
3. Glutões;
4. Avarentos;
5. Iracundos ;
6. Traidores (como Judas)
Violentos contra Deus, a si próprio e ao próximo;
7. Suicidas;
8. Castigados pelo pecado da fraude. Dividido em 10 bolsões – 1) seduz para outros; 2) seduz para si; 3) conduz o condenado ao suplício; 4) é adivinho/feiticeiro; 5) trapaceiro; 6) pratica crime de lesa majestade; 7) ladrão de animais; 8) aconselha enganosa e fraudulentamente; 9) promove discórdias (como Maomé); 10) alquimista.
9. Traidores - Estão em 4 zonas – traidores de 1) parentes; 2)políticos; 3)hóspedes e 4)benfeitores .

As cenas retratadas por Dante arrepiam e , cada vez que ele desce um círculo ou bolsão no Inferno, não é possível imaginar o que ele irá descrever...são as famosas “cenas dantescas”, como popularmente ficaram conhecidas no imaginário popular, as cenas de degradação, humilhação e dor que sofrem os danados em seus tormentos.

Uma coisa é fato: depois de ler essa primeira parte da “Comédia” (das quais seguem Purgatório e Paraíso), nos apegamos mais em Deus e agradecemos por um dia, quando partirmos daqui, não conhecermos “in loco” o que nas artes já nos deu tanto pavor.

Boa leitura!

Amo



Não sou de postar meus poemas, pensamentos e afins mas, por livre e espontânea pressão, resolver ceder hoje.
Espero que gostem!
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Amo

Amo o “estrago” que a tua presença faz na serenidade do meu existir.
Amo a tempestade de riso que provoca em mim
quando em meu horizonte contemplo um céu de brigadeiro.
Amo perceber que a vida tem sentido,
quando você está por perto.
Amo sentir cada célula, cada átomo do meu corpo vivo
cada vez que você olha para mim.
Amo encontrar nos grandes poetas a descrição do indescritível,
daquilo que sinto por ti.
Amo ouvir meu nome sair da sua boca,
amo ouvir sua voz, sentir seu toque.
Amo escrever para você
pois as palavras saltam para o papel com uma urgência pura, verdadeira, cálida e eterna.
Amo saber que apesar de não lermos os mesmos livros,
nem vermos os mesmos filmes,
compartilhamos um sentimento forte e duradouro um pelo outro.
Amo sua simplicidade e até quando me irrita,
pois sei que o seu jeito de ser é único, especial e
só você é capaz de reverter qualquer situação adversa.
Amo sentir o despertar da poesia em minha vida,
apenas em pensar em ti...
Amo saber que você existe e que minha existência mudou após te conhecer...
AMO-TE

Ana Paula Mendes
09/05/2010

domingo, 18 de abril de 2010

O Apanhador no Campo de Centeio

J.D Salinger
Editora do Autor - 207 páginas

O livro, escrito originalmente em 1951, é narrado em 1ª pessoa por Holden Caulfield, um rapaz de 17 anos, que vive em NY e provém de uma família abastada.
Por ter sido reprovado em 4 matérias, ele é expulso do prestigiado Colégio Pencey. Decide, então, sair da escola antes da comunicação oficial aos seus pais e do final do ano letivo, que ocorreria em 4 dias.

A partir daí, a história gira em torno das situações vividas na rua, enquanto decide o que fazer: as viagens de trem/ táxi/ a pé; as bebedeiras nos bares ; a estadia no hotel Edmont; a matinê com a amiga Sally; os passeios pelo Central Park; o encontro com as freiras num café da manhã; o encontro com a irmã caçula em casa, às escondidas; o susto na casa do professor Antolini.

Em cada etapa, ele descreve seus sentimentos: o que o alegra; o que o chateia; o que o irrita; o que o deprime. Aliás, com freqüência, ele passa de um estado de humor para o outro de uma forma rápida, simplesmente porque alguém apareceu ou disse algo. E muita coisa o deprime. Só de pensar numa situação, já fica deprimido.

Enquanto está na escola, ele conta como era seu relacionamento com os amigos, descreve o que cada um tinha de melhor/pior e, mesmo quando diz que um colega era desagradável, no fim, ele ainda fica com pena do pobre coitado. Assim foi Ackley e Stradlater.
Interessante é o carinho com que ele fala dos irmãos: D.B, o mais velho, escreve bem, mas foi para Hollywood “se vender”; Allie, dois anos mais novo e super inteligente, morreu de leucemia; Phoebe, a caçula de 10 anos, é a alegria de sua vida e, de certa forma, a responsável por brecar sua trajetória de atos inconsequentes.


Por fim, ao ter seu esgotamento nervoso diagnosticado, vai se tratar e, por isso, decide contar sua epopéia nos dias que perambulou pela cidade, em busca de si e das questões que a vida impunha.

Bom mesmo é o livro que quando a gente acaba de ler fica querendo ser um grande amigo do autor, para se poder telefonar para ele toda vez que der vontade”. Holden

Posso não concordar com muita coisa que Holden disse ou fez, mas nisso eu concordo com ele e assino embaixo!

Boa leitura!

sábado, 30 de janeiro de 2010

O Ladrão de Raios


Rick Riordan
(Intrínseca - 387 páginas)


Imagine um menino que descobre que tem poderes especiais e vai parar num "acampamento" próprio para crianças como ele. Imagine que ele tenha um amigo atrapalhado e uma amiga metida a sabichona e que, juntos, vão enfrentar monstros e desafiar seres superiores. Ah, claro que ele vai ter a ajuda de uma varinha, ops, canetinha mágica e a orientação de um diretor bondoso.

Não, não estou falando de Harry Potter, mas de Percy Jackson, o garoto meio-sangue, filho de um deus grego e de uma mortal. A analogia com a trama do bruxinho é inevitável , querendo ou não...
O autor cria uma trama em que os deuses gregos não apenas existiram mas...ainda estão vivos e atuantes na nossa era. Além disso, continuam a procriar com mortais e brigam uns com os outros. Nesse universo, não poderiam faltar, claro, os demais personagens míticos, como o minotauro, a medusa, os sátiros, os centauros, entre outros.
A trama do livro gira em torno do sumiço do raio-mestre de Zeus e a missão de Percy em recuperá-lo. Para isso, ele parte rumo ao Mundo Inferior, atrás de Hades, e passa por muitos apuros com seus amigos inseparáveis ( Annabeth, a sabichona e Grover, o sátiro atrapalhado).
É um livro gostoso de ler, mas ele não tem a riqueza de detalhes das obras de J K Rowling, sem falar que os dilemas são resolvidos rapidamente e o desenrolar da história se torna, de certa forma, previsível.
De qualque forma, dá para se divertir, enquanto o filme não estreia nas telonas.

Boa leitura!


sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Uma Vida Inventada

Maitê Proença
Ed Agir - 214 páginas

“Tem um congestionamento aqui dentro de mim. São muitas pessoas querendo falar, se exibir, se expressar...”

Assim começa a biografia da atriz Maitê Proença, já com uma dica do que viria adiante: suas várias partes e fases queriam falar, precisavam falar...


Comecei a ler, então, meio que com pé atrás, afinal, o que uma artista da Globo teria a dizer? Mas, aos poucos, vi que a história dela até que era bem interessante e a forma de narrativa também. Maitê intercala capítulos na 1ª pessoa, quando se refere à sua juventude e vida adulta (com letras pretas) e capítulos na 3ª pessoa (com letras marrons) quando se refere à sua infância. Aqui ela é “a menina”.


Essa menina teve de ser forte pois seu pai matou sua mãe quando tinha apenas 12 anos de idade. A partir daí, sua vida sofreu um rebuliço: ela foi morar num pensionato para filhos de missionários americanos, viveu em Campinas, Ubatuba, Paris e, um dia, ganhou o mundo e visitou cerca de 60 países. Viajou para fora ainda adolescente, com o namoradinho, estudou em Paris (Sorbonne) e, por isso, nos conta muitas histórias dessas viagens.


Prá quem pensa que há muita fofoca de bastidor de novela, se engana. Claro, ela fala algumas coisas e cita alguns (poucos) nomes, mas não se perde nisso. Fala, por exemplo, como ingressou na Globo, o que achou de sua primeira novela (As Três Marias) e como foi chamada para fazer Dona Beija na Manchete (seu maior sucesso).


Além disso, ela fala de seus romances (“não existe sentimento mais forte que uma imensa paixão. A gente sofre, cega, emburrece, se adoenta, sara. E depois, como se nada houvera, se apaixona de novo...”), sua única filha e sua busca religiosa. Até santo-daime essa criatura experimentou! Sem falar que já foi católica na Croácia, batista no Harlem e adepta do Centro Espiritual do Osho na Índia. Curioso é quando ela diz, já no final, estar sempre seguindo “ no caminho”. Mas, qual caminho?


Desejo, do fundo do coração, que ela encontre O caminho (João 14:6). E logo. E seja, finalmente, livre, leve, solta e , definitivamente, feliz.

Boa leitura!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Persuasão


Jane Austen
Ed Landmark – Edição Bi
língue - 205 páginas


Se você quer ler um bom romance inglês, do início do século XIX, encontrou!


A famosa autora de “Orgulho e Preconceito” e “Razão e Sensibilidade”, criou uma linda história de amor entre Anne Elliot (meiga, educada, amável e de família tradicional) e Frederick Wentworth (educado, cortês, pobre e sem perspectiva de ascenção imediata).

O resultado já dá para prever: a família dela se opõe ao romance e a persuade a renunciá-lo, o que é feito com muita dor para os dois lados.


A família de Anne é composta pelo pai, sr Walter, baronete decadente que precisa alugar sua bela propriedade em Kellynch para sobreviver; Elizabeth, a irmã mais velha e voluntariosa; e Mary, irmã caçula, que é casada e se mostra insegura e instável com tudo e todos. Por fim, podemos adicionar também Lady Russel, uma quase “segunda mãe”, já que se afeiçoou a ela quando a mãe de Anne morreu, na pré adolescência das meninas.


Mais de 7 anos se passam até que o destino os coloca frente a frente de novo. Anne está com 28 anos, hospedada na casa de Mary para ajudá-la em uma de suas crises de insegurança, enquanto o pai e Elizabeth vão para o balneário de Bath procurar uma casa para ficar e providenciar a mudança. A propriedade de Kellynch foi alugada para os Croft e o irmão da Sra Croft é ninguém mais que Frederick, agora em situação financeira bem melhor. Ele reaparece e começa a cortejar Louisa Musgrove, cunhadade sua irmã. Por outro lado, um primo de Anne começa se interessar por ela, que fica inclinada a corresponder.


Porém, algo de inesperado acontece e a chama do amor entre os dois é reavivada e posta à prova: o amor iria resistir àquele intervalo tão grande? Haveria resquícios de dor e mágoas?


É para ler e suspirar em cada página...

Boa leitura!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Exegese e outras histórias

Eloísa Falcomer
All Print Editora – 87 páginas

Imagine minha alegria quando recebi um e-mail de uma prima querida, dizendo que havia escrito um livro! Definitivamente, o amor aos livros é algo genético...

O livro reúne 25 contos que falam sobre a infância da minha prima e familiares, além de contar com a contribuição de amigos, e é impossível não identificar alguma situação / sentimento semelhantes em nossa própria história.

Na primeira história, ao contar como surgiu o nome Exegese para sua 1ª boneca, lembrei que tinha colocado um nome esquisito na minha também: Maridinha (não me pergunte de onde tirei isso!). Em “ A História de Pedrina”, outra boneca merece destaque depois de ter sido salva do lixo...
Em “ O Buraco”, ela conta do “lugar mágico”, um terreno cheio de erosão, em que brincava com seu irmão (ah, eu também via o quintal do sítio do meu pai como um lugar assim, mágico e cheio de possibilidades para explorar...).
Em “Dias Chuvosos”, a magia estava em se montar cabanas dentro de casa (quem nunca fez isso?)...

Ao ler "Um Patriota" e " Brincadeiras protestantes", bateu uma saudade dos meus tios Arnaldo e Cotinha...ah, como eu gostava de ir na casa deles, especialmente no Natal...
Enfim, cada conto, cada história nos remete a um tempo tão bom, tão feliz, que nos faz sorrir e chorar secretamente...que nem criança!


Boa leitura!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

A Rainha do Castelo de Ar – Série Millennium – Vol 3

Stieg Larsson
(Cia das Letras - 685 páginas)

No último livro dessa trilogia eletrizante, Lisbeth Salander se recupera no hospital de Göteborg, enquanto seus aliados partem para investigações paralelas, a fim de provar sua inocência na tentativa de homicídio de Zalachenko.

Ela conta com a ajuda de Mikael Bomkvist (jornalista da Millenium); Dragan Armanskij (ex-patrão e dono da Milton Security); Holger Palgren (ex-tutor, que se recupera de um derrame), além da equipe (ou parte dela) de Jan Bublanski (inspetor que segue sua linha de investigação, diferente da promotoria).

Do outro lado, temos a “Seção”, organização secreta dentro da Sapo que, na tentativa de abafar as conseqüências do “caso Zalachenko”, comete atrocidades para manter Salander quieta e culpada.

O autor ainda trata de assédio cibernético; espionagem empresarial; abuso contra crianças, mulheres e incapazes, além de alfinetar a mídia e as leis suecas.

O jogo de “gato e rato” da trama policial se estende por todo o livro de uma forma alucinante e termina com chave de ouro no julgamento final.

Senti falta, apenas, do desfecho de algumas situações, como da forma de contribuição que Lisbeth ficou de dar ao dr Anders Jonasson, por exemplo. Além disso, no 2º volume, Lisbeth foi para Granada, esteve envolvida em um “incidente” e ficou por isso mesmo. Não houve mais nenhum comentário a respeito. Pode ser que o autor tivesse a ideia de retomar alguns desses pontos numa obra futura e não houve tempo...
De qualquer forma, esses “lapsos” não atrapalham o resultado final dessa trilogia magnífica!

Para quem virou fã do estilo Stieg, só fica o lamento da morte prematura do autor, que nos deixou com aquele gostinho de “quero mais”.

Boa leitura!
p.s. leia a opinião de M Vargas Llosa sobre a trilogia completa em is.gd/6Lm7o

A Menina que brincava com Fogo – Série Millennium – Vol 2


Stieg Larsson
Cia das Letras - 607 páginas


O 2º livro policial da série Millenium mantém o ritmo alucinante do anterior, com uma nova trama: depois de ajudar Mikael Blomkvist a elucidar o caso do sumiço de Harriet Vanger, Lisbeth Salander se apropriou da fortuna de Wennerström e sumiu pelo mundo, viajando por vários países.

De volta à Suécia, Lisbeth, de uma hora para outra, se vê envolvida como principal suspeita de três homicídios. Uma das vítimas, Dag Svensson, era um jovem jornalista que começara a trabalhar na Millenium e estava prestes a denunciar grandes nomes da políticae da polícia, envolvidos no mercado do sexo e prostituição.

O destino, então, coloca Lisbeth e Mikael juntos novamente, já que ele acredita na inocência dela e faz de tudo para provar isso. Agora, é ele que tem a chance de salvar a vida dela...

A trama é envolvente e prende a leitura do começo ao fim, deixando uma brecha no final para atiçar a curiosidade da leitura da terceira e última parte da trilogia.



Boa leitura!

Os Homens que não Amavam as Mulheres – Série Millennium – Vol 1


Stieg Larsson
Cia das Letras – 522 págs

Esse é um livro de ficção policial que te prende do começo ao fim. Portanto, dada a “advertência”, segue o resumo da trama...

O jornalista Mikael Blomkvist, editor e sócio da revista Millennium, é condenado à 3 meses de prisão por difamar o magnata Hans-Erik Wennerström (como o autor é sueco, os nomes das pessoas e dos locais são meio complicadinhos para nós, ocidentais...). Ao mesmo tempo do julgamento, Mikael é procurado pelo octogenário e grande industrial Henrik Vanger, para escrever a biografia da sua conturbada família e tentar descobrir o sumiço da sua sobrinha adolescente (Harriet Vanger) há 37 anos, ocorrido na ilha de Hedeby (propriedade quase que exclusiva da família Vanger).Henrik tem certeza que Harriet foi assassinada por alguém do clã, já que naquele dia, a família se reunia em sua casa e, como houve um acidente na única ponte que liga a ilha ao continente, ninguém mais poderia ter entrado/saído de lá nas horas cruciais do sumiço da garota.Para ajudá-lo nas investigações, Lisbeth Salander, uma jovem problemática de aspecto punk e anoxérica, é contratada. Com sua habilidade excepcional de “hacker”, logo se mostra uma figura indispensável na solução desse misterioso quebra-cabeças.

A partir daí, o autor desenvolve uma trama que põe o dedo na ferida de vários aspectos da vida moderna: crises econômicas; responsabilidade do jornalista nas matérias divulgadas; invasão da privacidade pela internet; ódio pelas minorias; etc. No fim, deixa várias questões sobre os conceitos de moral e ética profissional: Vale tudo quando se é atacado?Apesar de alguns trechos fortes e macabros, a leitura é indispensável!

Uma curiosidade: o autor, sueco, morreu em 2004 aos 50 anos, devido a uma ataque cardíaco, após entregar a trilogia Millennium aos seus editores. Não viu o sucesso que seus livros fizeram (e estão fazendo!) ao redor do mundo, a começar em seu país, onde 1 a cada 4 suecos leram, pelo menos, 1 de suas obras
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