domingo, 18 de julho de 2021

Pachinko


Min Jin Lee
Ed Intrínseca - 528 páginas

"Sou muito grato por esse trabalho (...) 
O Senhor proverá." (pagina 138)

Comprei esse livro por indicação de duas amigas (achei muita coincidência!) e posso dizer que ele entrou para a lista dos meus preferidos!

Tudo começa na Coreia, início do século XX, numa ilha chamada Yeongdo, com Hoonie, aleijado dos pés, que se casa com Yangjin, graças ao arranjo de uma casamenteira. Sim teve arranjo, afinal nenhuma família decente ia deixar sua filha se casar "com alguém com deformidades, já que essas coisas passavam inevitavelmente para as gerações seguintes." (pág 13). 

Mas Hoonie teve sorte pois a jovem casou com ele e o amou. Tiveram filhos e apenas uma filha sobreviveu, Sunja. Ela nasceu perfeita e era a vida de seu pai! Viviam numa ilha e alugavam quartos para os pescadores locais. A vida era simples e paradisíaca e o destino de Sunja seria se casar e morrer por ali. 

Porém, um dia ela conheceu Hansu em Busan, cidade próxima onde ia fazer compras de mercado, e se encantou pelo homem mais velho, bem vestido e cheio de cuidados, que a acudiu de um incidente com moleques japoneses. Conversaram, passearam na praia e, de repente, ela se viu apaixonada por ele. Tudo podia ser perfeito, mas não foi e a vida de Sunja mudou do dia para noite. Quando ela deu por si, estava casada, no Japão, sem saber falar a língua e tendo de lutar para sobreviver.

Perdas, dores, lutas, nascimentos, mortes, encarceramento, fé. A realidade de Sunja e dos seus entra num verdadeiro redemoinho, numa época de guerra, de falta de comida e sem perspectiva de futuro! 

Mas o futuro chega e com ele, conhecemos a vida dos seus descendentes: filhos e netos. Conhecemos também um pouco do pachinko (salões de jogos), que entrou na vida da família para ser o ganha pão, trazendo consigo desconfiança de alguns e preconceito de outros.

Se eu contar mais (e dá vontade!), vou entregar muito spoiler, o que abomino! Só dou o gostinho das primeiras páginas para incentivar a leitura dessa obra sensível e encantadora!

Vale a pena a leitura!



segunda-feira, 28 de junho de 2021

Os Testamentos


Margaret Atwood

Ed Rocco - 448 páginas

"Às vezes, ter fé dá uma trabalheira."
(página 255)

Há 3 anos, li O Conto da Aia, antes de assistir à série da Paramount, e fiquei em estado de choque. Mas que absurdo era aquele em Gilead? Como a sociedade se deixou transformar naquilo?

A série tratou com maestria aquele mundo sombrio e foi além do livro, de forma angustiante e cruel.

O fato é que ficaram muitas perguntas em aberto e a própria autora decidiu dar algumas respostas nesse livro, escrito 35 anos depois do primeiro. O tempo cronológico da história, porém, foi de apenas 15 anos entre um e outro.

Uma das questões diz respeito à tia Lydia: como ela se tornou aquela tia temida e respeitada por todos? De onde ela veio, como foi doutrinada?

Além dela, temos mais 2 novas personagens, que vão ajudar a responder mais questões: a testemunha 369A, Agnes, filha de Tabitha e Comandante Kyle e a testemunha 369B, Daisy, uma jovem de 16 anos que se vê com uma missão difícil e complicada para sua idade.

A vida dessas 3 se entrelaçam e, num determinado momento, será crucial para o destino de Gilead e de todos os seus habitantes.

Não dá para falar mais sem dar spoiler, então se você é fã do livro ou da série, corre lá para ler!

Boa leitura!


segunda-feira, 1 de março de 2021

Santidade


Ed René Kivitz
Editora Mundo Cristão - 160 páginas

"A santidade é, assim, a experiência natural de quem se relaciona com Deus. Ser com Deus significa ser santo. A igreja é descrita na Bíblia como "nação santa
(página 12)

A Bíblia diz que devemos ser santos, mas dependendo do que você entende por santidade, vai pegar sua mochilinha, dizer como Paulo "miserável homem que sou" e seguir adiante, cabisbaixo porque se sente incapaz disso.

Nesse livro, o pastor nos mostra as diversas facetas da santidade e o que significa "ser santo", segundo as Escrituras.

Pra começar, ele fala que a Torá sugere a santidade como experiência de "outramento" (...) A informação de que Deus é santo, puro e separado implica dizer que ele é Outro (pág 16), ou seja, ele é singular e incomparável. Não há outro.

Ele é perfeito e a "perfeição divina é uma relação: abençoar bons e maus, justos e injustos" (pág 28). Deus, sendo perfeito, ama os imperfeitos, como nós!

Toda experiência com Deus tem 3 momentos: 1) de alumbramento/arrebatamento; 2) de encolhimento e 3) de redefinição de estilo de vida.

"A vida de Paulo se explica por uma profunda experiência com o amor de Cristo (...) o amor de Cristo e o amor a Cristo eram na verdade o fundamento da sua própria existência." (pag 64)

"Ser de Jesus é viver para, com e em Jesus" (pág 65)

"A santidade é um tipo de coração. A santidade é uma postura diante de Deus. A santidade diz respeito ao coração quebrantado, que Deus jamais despreza." (pág 89)

"Viver em santidade implica em adorar somente a Deus e a ele prestar culto. Adorar é uma expressão do coração..." (pág 93)

Interessante que ele fala sobre o prazer que existe em adorar a Deus. O mundo quer te fazer pensar o contrário, mas na verdade só te oferece água de chuva empoçada no lugar da água da vida, conforme Jeremias já tinha dito (Jer 2:12-13).

'A santidade é um prazer em outra dimensão. O prazer da fonte da água da vida." (pág 108)

"Praticar a justiça é viver corretamente diante de Deus" (pág 136).

Enfim, santidade é "uma resposta ao tanto que experimentamos do amor que Cristo tem por nós" (pág 69)

Vale a pena a leitura!



domingo, 28 de fevereiro de 2021

Noites em claro


Edu Liguori
Kotter Editorial - 160 páginas

"Cansado de contar estrelas no céu
de vez em quando a solidão
me visita

Senta-se ao meu lado
e fica em silêncio
até eu adormecer"
 
(página 86)

Acompanho os tuites do Edu há algum tempo e seu jeito de escrever poesia cativa qualquer um, pois a escrita nasce das entranhas, da dor, da insônia, do amor que é/foi bom demais. 

Sua inspiração nem sempre nasce das flores:

A poesia que brota em mim
é muitas vezes água fresca
outras poucas fel
(pág 20)

Ela brota da saudade, da nostalgia, do suspiro, da tempestade interna, da calmaria da alma, da pausa que se tornou eterna, da fusão de passado e futuro num presente arrebatador.

Todo amor vem com o tempo
não cai com o vento
é suave torpor
(pág 35)

Todo amor
deve ser calmo
santo salmo
hino de louvor
(pág 36)

Ser poeta é se desnudar para o outro em cada palavra, verso ou rima. É jogar luz na sua vulnerabilidade e mostrar que ninguém está só quando se fala de coisas do coração:

Não é fácil ser ridículo
ser poeta
ser uma verdade
uma carta de amor não lida
(pág 98)

Enfim, a leitura de seus textos são para aqueles apaixonados pela sensibilidade humana, pela beleza da vida nos seus diversos espectros.

Boa leitura!


p.s. o livro pode ser adquirido na Amazon ou na Editora (kotter.com.br).


sábado, 2 de janeiro de 2021

Petrus Logus: o guardião do tempo - Vol 1

Augusto Cury
Editora Saraiva - 288 páginas

"... o ser humano, quando se sente ameaçado, deixa de ser Homo sapiens, um ser pensante, e se torna Homo bios, um ser instintivo que só vive para si ou para seu grupo. Ele deixa de pensar como espécie. Guarde isso: nossa mente é tão complexa que, quando não tem inimigos, ela os cria." (página 20)

Terminei o ano de 2020 lendo uma ficção juvenil que, por incrível que pareça, acabou me prendendo! Ganhei esse livro há algum tempo e ele ficou guardado na estante até que eu buscasse algo leve pra terminar um ano complicado. Digamos que acertei até certo ponto, pois nem tudo é leve no Reino de Cosmus, ou melhor, nada é leve por lá, só a pureza de espírito do jovem Petrus, um dos filhos do rei Apolo.

Apolo ser tornou rei depois de muitos anos da Terceira Grande Guerra, onde a humanidade quase foi dizimada porque esgotou seus recursos naturais e acabou entrando em colapso.

Com a assessoria de conselheiros corruptos (Terrívius, Demétrius e Cômodus), além do sumo sacerdote Superius, Apolo governa de forma a explorar o povo, sem permitir, inclusive, que tenham acesso à educação e aos livros.

Petrus, porém, é educado por Malthus, um sábio do reino, a pedido da falecida mãe Ellen, e cresce sedento pelo conhecimento e pelos livros. Ele tem um irmão gêmeo - Lexus - que é seu oposto: ama as artes da guerra, é egoísta e ainda não tem nenhuma compaixão pelo próximo, seja ele quem for.

O rei precisa tomar uma decisão difícil: escolher o herdeiro do trono e para isso, apresenta os 2 jovens ao reino, para cumprir tarefas de guerra e de força. Petrus, claro, não se sai bem, mas acaba ganhando o direito de escolher um presente do Rei. Sem titubear, pede que este lhe dê a Biblioteca do palácio, até então fechada para qualquer pessoa, e o rei a concede, bem a contragosto, obviamente.

A partir daí, nosso jovem passa a enfrentar aventuras e dificuldades que colocam em risco sua integridade física, mas que farão dele um jovem destemido, justo e muito corajoso.

Lições sobre empatia, coragem, integridade, lealdade e amor permeiam o livro todo e, entre uma aventura e outra, somos confrontados sempre por Invictus, o leão branco que aparece, dependendo daquilo que a alma de Petrus é alimentada.

O livro deixou um gostinho de "quero mais" e logo devo correr atrás do volume 2 pra saber como a saga termina.

Vale a pena a leitura!