sexta-feira, 22 de abril de 2011

A Última Música

Nicholas Sparks
Ed Novo Conceito - 383 páginas

"A vida, entendeu, era bem parecida com uma música. No começo, há mistério, e no final confirmação, mas é no meio que reside a emoção e faz com que a coisa toda valha a pena."

Ronnie é garota de 17 anos que mora em NY com a mãe e o irmão, Jonah (de 10 anos) e, 3 anos depois de ficar sem falar com o pai, vai passar as férias de verão com ele na Carolina do Norte, na praia de Wrightsville.

Ela não perdoa o pai por ter abandonado o lar e ido morar sozinho. Por isso, as coisas que faziam juntos, quando ela era pequena, agora a irritam. Uma dessas coisas é tocar piano. Seu pai, Steve, era professor da renomada Julliard e Ronnie herdou o talento do pai. Chegaram a compor músicas juntos, mas isso foi num passado remoto que, agora, ela faz questão de esquecer.

Em Wrightsville, Jonah se diverte com o pai: solta pipa, faz a nova janela da igreja, corre na praia. Mas Ronnie não. Com raiva do pai, evita ficar em casa, comer com eles e se irrita sempre que ouve o som do piano. Por isso, ela decide ficar o máximo possível na rua. Então, conhece Blaze, uma garota meio gótica, que tem más companhias, a começar pelo namorado jogador de "bolas de fogo".

Mas, conhece também Will. Um jogador de volei de praia que, acidentalmente, derruba refrigerante em sua blusa no 1º dia no novo local. Ódio e amor começam a andar lado a lado e... Não vou contar mais para não perder o encanto da leitura.

Só digo que, a partir daí, a trama se desenvolve de uma forma hipnótica. Temas como relacionamento entre pais e filhos e a importância da fé em Deus são abordados de uma forma fácil, sem moralismo, apenas baseado no amor.

Na minha opinião, é melhor que Querido John e fica no empate com Um Momento Inesquecível.

Vale a pena a leitura!

obs: Não vi o filme, estrelado pela queridinha da vez, Miley Cyrus. Mas vou colocar na minha listinha para ver com a Bia, minha sobrinha. Ela vai gostar!

terça-feira, 19 de abril de 2011

Não me abandone jamais

Kazuo Ishiguro
Companhia das Letras - 344 páginas

"...é preciso ter em mente que, naquela fase da vida, qualquer lugar além de Hailsham era, para nós, uma terra de fantasia; tínhamos uma noção muito vaga do mundo exterior e do que era ou não era possível lá fora." (pág 85)

Três adolescentes cresceram em Hailsham, na Inglaterra dos anos 90, com uma missão que eles próprios desconheciam. Seus nomes: Ruth, Tommy e Kathy.

As travessuras, as descobertas, a relação com os amigos e com os professores (chamados de guardiões) são narradas por Kathy, já adulta, agora uma "cuidadora".

Não é possível falar mais da trama sob o risco de estragar a surpresa do livro, mas posso dizer que aborda um tema delicado, de uma forma tocante. Será que, um dia, essa ficção pode se tornar real? Frio na barriga.

A tradução não ajuda muito, usa palavras que destoam do contexto e termos não muito usados no cotidiano ("de modo que" é uma constante, chega a irritar!), mas não compromete o interesse pela trama.

Enfim, trata-se de uma leitura comovente, que fará cada um pensar no rumo desse mundo.

Boa leitura!

p.s. Sei que saiu um filme, mas ainda não tive a oportunidade de ver para tecer comparações:

sábado, 9 de abril de 2011

O outro pé da sereia

Mia Couto
Companhia das Letras - 331 páginas

"O encantamento é uma casa que tem o silêncio por teto." (pág 227)

Encantada, essa é a palavra que melhor define meu estado de espírito ao ler essa obra, presente de um grande amigo poeta.

Resumir a história é reduzir o sentimento que o livro desperta, mas vamos lá:

Mwadia Malunga é casada com Zero Madzero e vive em Antigamente, local desabitado e ermo de algum lugar de Moçambique. Um dia, o casal encontra a imagem de uma santa às margens do Rio Mussengui. Orientada pelo curandeiro local, Mwadia parte para sua cidade natal (Vila Longe) para achar uma "moradia" adequada à santa.

A viagem de Mwadia, as lembranças, as histórias do povoado e de sua família são recheadas de lirismo, poesia, fantasia.

O estilo de escrita por ora nos lembra Gabriel Garcia Márquez, especialmente nos sonhos e devaneios dos personagens, no modo de filosofar e no comportamento inusitado dos protagonistas. Aqui também um personagem come flores, tal qual Florentino Ariza em "O Amor dos Tempos do Cólera", mas com outra finalidade.

Além da história de Mwadia, nos dia atuais, Mia intercala os capítulos com a história da viagem missionária de D. Gonçalo da Silveira, em janeiro de 1560, de Goa (ìndia) à Monomotapa (Moçambique). O objetivo dele e do padre que o acompanha era converter o imperador ao cristianismo. Na nau também havia uma santa (seria a mesma encontrada anos depois?) e escravos. Muita coisa, aliás, acontece nos dias em que ficam em alto mar.

Enfim, não é uma obra para se ler às pressas, querendo achar sentido em tudo, mas para se ler com calma e com a alma, aproveitando cada gota de lirismo e poesia.

Boa leitura e ...boa viagem!

"A viagem não começa quando se percorrem distâncias, mas quando se atravessam as nossas fronteiras interiores." (pág 65)