quarta-feira, 25 de março de 2009

A Guerra de Clara

Clara Kramer
Ediouro – 335 páginas


Clara Schwarz, uma adolescente judia e polonesa, viveu 18 meses em um abrigo subterrâneo, durante a época da 2ª Grande Guerra.
Estimulada pela mãe, escreveu um diário (em 4 cadernos), que hoje se encontra no Holocaust Memorial Museum, em Washington, D.C, pois se um dia eles fosses capturados, alguém iria saber tudo que passaram, tentando sobreviver.
Clara escreve de tudo: como foram parar no sótão, quem era a família que os acolheu, quantas pessoas foram morar lá, as regras que foram estabelecidas e a forma como a sociedade de uma cidade, que ela amava, passou a tratar os judeus, inclusive os mais próximos e amigos.
Aos 81 anos, a autora, auxiliada por um escritor (Stephen Glantz), decidiu publicar suas memórias, baseada nesse diário e nas lembranças desse período tão conturbado. Para se ter uma idéia, dos 5 mil judeus que viviam em Zolkiew (cidade de Clara), menos de 60 sobreviveram ao Holocausto!
Interessante é notar o carinho com ela trata da família alemã que os acolheu: os Beck, composta pelo pai (Valentim), pela mãe (Julia) e pela filha jovem (Ala). Tido como anti-semita, Valentim os escondeu no sótão da casa dos Melman (outra família judia que ficou escondida), uma vez que todas as casas de judeus foram tomadas pelos soldados e pelos simpatizantes do governo.
Por ser conhecido como anti-semita, Valentim teve de ceder a casa para que 3 ferroviários do governo e 4 soldados ficassem hospedados durante alguns meses. Mesmo assim, na ausência deles, corria a acudir as 18 pessoas que estavam bem abaixo de seus pés, com comida, água, vestimenta e notícias dos amigos e parentes. Lá embaixo, por sua vez, os judeus aprenderam a sussurrar, dormir com vigilância para não roncar e só cozinhar quando não houvesse nenhum estranho na parte superior da casa. Clara só subia raramente quando Julia a chamava para ajudar na faxina da casa e, depois, a presenteava com água fresca e alguma coisa para comer. Como a casa era das poucas que tinha banheiro interno com vaso sanitário, diariamente os Beck recolhiam os baldes de “necessidades” para despejar lá, sem que levantassem suspeitas.
Nenhum dia era igual o outro: momentos de desespero (como quando ocorreu um incêndio na vizinhança) se intercalam com momentos de esperança. A dor da perda era constante, o incômodo do calor e do frio também. Por fim, havia uma pergunta que não deixava as mentes dos refugiados: Até quando suportariam tanto sofrimento?

Quando comecei a ler, logo me lembrei do Diário de Anne Frank, mas por ter sido escrito depois, baseado no diário, esta obra é mais rica em detalhes e datas, sem desmerecer a outra.

Vele a pena leitura, especialmente nesses dias em que alguns ainda insistem em negar que o Holocausto não ocorreu...

segunda-feira, 9 de março de 2009

A Metamorfose


Franz Kafka
Cia das Letras – 96 páginas


Todo mundo já ouviu falar do “personagem barata” de Kafka ou, pelo menos, já ouviu alguma alusão a ele. Eu também. Mas nunca tinha tido a oportunidade de ler até que tomei emprestado de uma amiga e...me surpreendi!

A obra conta a história do caixeiro viajante Gregor Samsa que, certa manhã, acorda metamorfoseado em um “inseto monstruoso” ( não menciona a palavra “barata” mas...sabe como é o ditado: “quem conto um conto, aumenta um ponto”?). No começo, o pobre homem não acredita na sua condição, tenta se locomover sem sucesso e percebe que seus desejos e aptidões mudaram... Ele também se preocupa com a família, já que sustentava a todos (pai,mãe e irmã), e agora não consegue nem sair do próprio quarto!
A família, por outro lado, reage com indignação, medo, repulsa e passa a evitar a pobre criatura. Aos poucos, cada um vai tomando seu rumo na vida e ele...bem, você precisa ler para saber.
O interessante é que o autor consegue traçar uma crítica ao comportamento familiar quando alguém querido se torna um “incapaz”, seja porque ficou doente ou se tornou “um velho inútil”. Será que o amor consegue sobreviver às monstruosidades da vida? Será que a família está preparada para tratar dessas pessoas? Ou é melhor esconde-las num quartinho escuro, camuflando a realidade?

Ótimo para reflexão.

sábado, 7 de março de 2009

Uma Certa Justiça



Phyllis Dorothy James
Cia das Letras – 508 páginas

Para quem curte um bom romance policial, vai encontrar nessa obra a dose certa.
Apesar da trama se basear nas intrigas de um colegiado inglês de advogados, não é cansativo, nem maçante (bem diferente das obras de John Grisham!).
Aí temos uma brilhante advogada criminalista (Venetia Aldridge) que, um mês após conseguir a inocência de um jovem acusado de homicídio, é assassinada misteriosa e brutalmente em seu próprio escritório. Suspeitos é que não faltam! Entram em cena, então, os personagens que tinham convívio familiar e profissional com ela, além da equipe da Scotland Yard, sob o comando de Adam Dalgliesh, para desvendar esse mistério...


Bem estilo Agatha Christie, mas bem mais contemporâneo!