terça-feira, 28 de novembro de 2017

Polícia Federal: a lei é para todos

Carlos Graieb e Ana Maria Santos
Ed Record - 280 páginas

"Até ali (março de 2016), os números da Lava Jato realmente impressionavam: vinte e oito fases deflagradas; 2,9 bilhões de reais devolvidos aos cofres públicos; 2,4 bilhões de reais ainda bloqueados; 179 réus, 93 condenações criminais; 990 anos de penas somadas." (página 265)

Desde março de 2014 não há um dia sequer nesse país, que não apareça alguma reportagem na TV sobre a Lava Jato. O que começou numa investigação de evasão de divisas  e lavagem de dinheiro, se tornou algo surpreendente. Os 4 doleiros suspeitos eram peixe pequeno. O fio foi puxado - imagine um doleiro presentear um executivo da Petrobras com um Land Rover avaliado em 250 mil reais - e uma rede bem articulada de propinas surgiu. Não só na Petrobras, mas na Odebrecht, Camargo Correa, Andrade Gutierrez, OAS, Queiroz Galvão, Mendes Júnior, UTC, entre outras. Daí para se  chegar à esfera política foi rápido. Planilhas e programas de gerenciamento de propinas foram descobertos e os desvios não foram poucos, nem pequenos. Todo mundo queria levar seus milhõezinhos na engrenagem montada.

A obra conta tudo isso que já ouvimos, de uma forma leve, sob a ótica dos policiais federais envolvidos. Como eram as investigações? E as abordagens? Como conseguiram localizar tanta gente em diversas partes do país e do mundo a partir de Curitiba? Quais foram os contratempos, as dificuldades?

A leitura desse "romance político-policial" nos traz algumas respostas, mas também nos faz refletir sobre outras coisas. Hoje já estamos na 47ª fase da Lava Jato e muita coisa ainda está por vir. Será que um dia acabaremos com a corrupção em nosso país? Conseguiremos criar um mecanismo tão eficaz anti-corrupção como a que existiu/existe para promovê-la? Há esperança nas eleições de 2018 ou são todas cartas marcadas?

Boa leitura!

Dedicatória da autora

segunda-feira, 6 de novembro de 2017

A menina que não sabia ler - vol 2

John Harding
LeYa - 288 páginas

"Aparências, aparências! Como é fácil julgar que é louco um homem são e que é são um louco!" (página 52)

Apesar de não parecer, esse livro é continuação do anterior. Depois daquele final absurdo, ficamos sem saber o destino de alguns personagens. Longe de explicar o que aconteceu, temos um deles de volta: Florence, agora com o nome de Jane Pomba, já que ela não se lembra de seu nome e nem de onde veio.

Jane está em um hospício numa ilha, com diversas mulheres. O tratamento que o dr Morgan faz com elas é desumano: banhos gelados, restrição alimentar e horas presas em cadeiras de "contenção", tudo para ensiná-las a se comportar.

É assim que o dr John Shepherd chega na ilha, para seu novo emprego como assistente do dr Morgan. John, aliás, roubou essa identidade de outra pessoa em um acidente de trem e, por sorte, se viu livre de seu triste destino para recomeçar a vida nesse lugar distante. Por isso, ele chega de mala e cuia no local, sem despertar suspeitas.

John se assusta com o tratamento dado às mulheres e pede ao dr Morgan para usar um tratamento mais humano com uma das pacientes. Ele aceita e a escolhida é Jane Pomba, uma jovem que mal sabe falar e não recorda nada sua vida, nem seu nome.

O tratamento começa e algumas coisas acontecem ao redor de John, que o deixa sempre alerta: será que desconfiam de alguma coisa acerca dele? E se alguém descobre que ele não é o dr John verdadeiro?

Todos parecem esconder algum segredo e a trama vai te envolvendo. O final também é surpreendente, mas ainda ficam algumas pontas soltas do livro anterior, que não foram respondidas. Será que vem um volume 3 por aí ou o lance do autor é deixar tudo em aberto mesmo?

Boa leitura!