quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Madame Bovary

Gustave Flaubert (1821-1880)
Coleção Clássicos Abril

"...não podia imaginar, agora, que aquela calma em que vivia fosse a felicidade com que sonhara..." (página 58)

Emma, filha de um agricultor abastado, sr Rouault, casa-se com Charles Bovary, jovem médico viúvo, depois que este cuida da perna quebrada de seu pai.

O casal muda de cidade e passa a viver em Yonville, local pequeno, rural, onde todos se conhecem.

São vizinhos de um farmacêutico (sr Homais) que tem uma bela família e é ateu; da hospedaria da sra Lefrançois; da igreja do outro lado da rua etc. Enfim, eles têm uma vida pacata com todos que o cercam.

Emma, desde o início do casamento, se decepciona com a vida de casada: cadê os extremos da paixão, a vida louca, o palpitar constante do coração?

Ao ser convidada para um baile na casa de um casal nobre, ela se encanta com a riqueza, os bons costumes, o modo galanteador dos belos rapazes. Dança, inclusive, com um conde e sua mente se agita com a ideia de que é possível, sim, viver intensamente, com o coração aos pulos.

Charles é muito sossegado, nem é médico de fato (já que fez um tipo de escola técnica, com menos anos de estudos), tem vida modesta e, ainda, se mostra incompetente numa cirurgia importante na cidade, quando tenta consertar a perna de um aleijado conhecido. 

Emma, então, se apaixona pelo jovem Léon Dubois e é correspondida, mas ao vê-lo partir, fica triste e vulnerável. Quando Rodolphe aparece em sua vida, porém, ela volta a se apaixonar e decide fugir com ele.

O resto da história transcorre com longas promessas de amor, atos escondidos, mentiras, traições, dor, morte.

"O futuro era um corredor escuro que tinha, ao fundo, uma porta bem fechada..." (página 86)

É uma obra clássica, cuja leitura flui naturalmente e que nos transporta para a França rural do século XIX, com sua burguesia, seus costumes, seu tempo.

Vale a pena a leitura!

p.s. o romance foi publicado em 6 números da revista Revre de Paris, em 1856, e teve um trecho cortado pela censura. Que cena era essa? A da carruagem em alta velocidade. Leia e veja se isso teria alguma repercussão mínima hoje...