terça-feira, 29 de junho de 2010

Alice

Aventuras de Alice nos País das Maravilhas (1865) & Através do Espelho e o que Alice encontrou por lá (1872)

Lewis Carroll (1832-1898)
(Editora Zahar - 317 págs)


Todo mundo já leu ou ouviu falar das histórias da pequena Alice, que se mete em confusões no "Mundo das Maravilhas". Mas ler a obra de Carroll é algo obrigatório prá quem deseja saber um pouquinho mais, já que nenhum filme foi capaz de dar conta da grandiosidade da obra.


Duas coisas ressaltam ao leitor: as situações / os diálogos malucos, que nos fazem rir pelo absurdo e a graça da falta de coerência dos sonhos que temos.


Carroll, sinceramente, não estava sóbrio quando decidiu escrever certas cenas...Tome-se o exemplo de quando a cozinheira, que faz sopa com muita pimenta, arremessa as panelas na duquesa, que embala um bebê-porco no colo. Ou o fato dele ter escolhido uma lagarta para fumar narguilé e dar lições de moral.


Trechos como o chá com o Chapeleiro Maluco (coitado, só ele recebe esse adjetivo, sendo que há personagens muito mais doidos que ele!) com a Lebre de Março e o Caxinguelê; o jogo de craqué da Rainha Vermelha;  o bordão "cortem suas cabeças!" e o roubo das tortas e o julgamento são, de certa forma, conhecidos de todos.


No segundo livro (Através do Espelho), Alice volta para esse país mágico, depois de ter brincado com suas gatinhas em casa. Ela consegue atravessar o espelho da sala, chegar na outra casa e sair para o jardim, onde as flores falam com ela.


Ao conversar com a Rainha Vermelha, descobre que também pode ser uma rainha, mas precisa cumprir algumas tarefas e chegar até à Oitava Casa. Então, ela parte rumo a seu objetivo e, claro, encontra criaturas absurdas em situações tão absurdas quanto!


As cenas com gordinhos Tweedledum e Tweedledee são ótimas - eles discordam de tudo, dizendo a mesma coisa de modo diferente, ou coisas diferentes, do mesmo modo. Ou..quase isso! O poema da Morsa e o Carpinteiro é hilário, assim como as várias poesias e músicas recitadas ao longo dos 2 livros.


As rainhas são capítulos à parte: a Branca é desleixada e vive "às avessas", com sua memória nos 2 sentidos (para trás e...para frente); a Vermelha é autoritária (mas não manda mais cortar as cabeças dos coitados nessa segunda obra).


Humpty Dumpty, o personagem ovo-baixo-gordo também diverte. Seu diálogo sobre tempo e idade é excelente. Também quero ganhar presente de "desaniversário", como ele...


A história ainda tem a luta do leão com o unicórnio; os mensageiros Haigha e Hatta; os cavaleiros que só caem do cavalo (e um deles dá uma receita perfeita para não cair mais cabelo!) e o banquete final, quando Alice se transforma em Rainha!


Viver é sinônimo de sonhar...ou seria o contrário? No mundo de Alice tudo é possível...


Boa leitura!

p.s o filme de Tim Burton é ótimo, mas mistura coisas dos 2 livros, usando os personagens em situações diferentes das apresentadas na obra. Ele mexeu, e muito, na Rainha Branca, sem falar que inventou a cena do noivado inicial. Omitiu os vários animais da obra, como os camundongos, o Grifo, a Tartaruga Falsa, a cozinheira maluca, a ovelha da loja/barco e...o Humpty Dumpty (esse sim, imperdoável!).