domingo, 31 de outubro de 2010

Coleção Itaú de Livros Infantis


O Itaú está doando 4 livros infantis no site http://www.lerfazcrescer.com.br/ no mês de outubro (não sei se a promoção se estenderá para novembro).

Como tenho 3 sobrinhos pequenos, decidi arriscar e pedir. A encomenda chegou rapidinho e, no último domingo, eu e a Bia (8 anos) lemos todos de uma vez só.


No final, claro, trocamos algumas ideias...


1) Os Três Porquinhos - Os porquinhos constroem suas casinhas de palha, madeira e tijolos, como aprendemos desde pequenos. Só que, nessa versão, o Lobo Mau consegue comer os 2 porquinhos relapsos e, no final, o irmão precavido os tira de dentro da barriga do Lobo.
Nem preciso dizer que a Bia arregalou os olhos e disse: "Mas é o Lobo da Chapeuzinho que come a vovó! Esse lobo só devia perseguir os porquinhos e não comer!"


2) Lobisomem - Como ela viu a nova febre do Crepúsculo, imaginava um lobisomem a la Jacob e não um menino franzino, irmão caçula de 7 mulheres (como bem reza a lenda). Aliás, a lenda é bem detalhada, mas o final...deixa a desejar.
Ela também não gostou dos cemitérios e crânios das figuras...achou macabro. Eu também!


3) O Jogo da Parlenda - Ah, amamos os versinhos e ditados infantis! A historinha não tem pé nem cabeça, mas diverte : )


4) Bem-te-vi e outras poesias (de Lalau e Laurabeatriz) - tem umas poesias bonitinhas ("Paraíso", "Eclipse" e "Mar") e uma bem tristinha ("Peixinho"). Ela também gostou!


O legal foi que a leitura dos livros despertou o interesse dela em discutir o que foi lido e propor novos finais...

Aliás, ela me propôs um desafio: escrever uma historinha e deixar as ilustrações por conta dela. Já começamos no mesmo dia. Agora, é arranjar tempo para concluir nossa grande obra!


Boa leitura!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Insustentável Leveza do Ser


Milan Kundera
Cia de Bolso - 312 páginas

"...não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação..."

Através da vida de seus 4 personagens principais, o autor traça os conflitos psicológicos-amorosos de cada um, tendo como pano de fundo a política da antiga Tchecoslováquia (hoje República Tcheca).

O médico Tomas vive procurando um algo mais em cada mulher que conhece, mesmo depois de encontrar seu amor, a insegura Tereza. A mulher que, segundo ele foi o resultado de seis acasos, tem pesadelos terríveis e acha uma razão de viver ao ganhar a companhia de Karenin, uma cachorrinha.

Interessante são os pensamentos que o autor empresta aos personagens para falar de amor, desejo, amizade, família, raiva, amor à pátria, vida sentimental:

"Enquanto as pessoas são ainda mais ou menos jovens e a partitura de suas vidas está somente nos primeiros compassos, elas podem fazer juntas a composição e trocar os temas. Mas se encontram numa idade mais madura, suas partituras musicais estão mais ou menos terminadas, e cada palavra, cada objeto, significa algo de diferente na partitura do outro."

"...o instante em que nasce o amor: a mulher não resiste à voz que chama a sua alma amedrontada; o homem não resiste à mulher cuja alma se torna atenta à sua voz..."

"... o amor começa no momento em que uma mulher [pessoa] se inscreve como uma palavra em nossa memória poética..."

Ao mesclar as relações entre os personagens (Tomas e Tereza / Tomas e Sabina / Sabina e Franz), ele mostra como mudanças absurdas ocorreram por causa da invasão russa em Praga, do estrago que foi para o país como um todo e aí pergunta:

" o problema fundamental não era: sabiam ou não sabiam? Mas: seriam inocentes apenas porque não sabiam? Um imbecil sentado no trono estaria isento de toda responsabilidade somente pelo fato de ser um imbecil?"

Enfim, trata-se de um romance denso, repleto de situações para reflexão e que tem um desfecho de deixar lágrimas nos olhos, ao contar com detalhes os últimos momentos de vida da cadelinha do casal, Karenin, cujo nome foi emprestado de Anna Karenina, de Tolstói (aliás, excelente romance que logo ganhará uma resenha aqui).

Vale a pena a leitura!

domingo, 24 de outubro de 2010

iPad

Ah, eu tinha de contar que, agora, tenho um novo companheiro de viagem: um iPad!
Desde semana passada, quando minha maninha chegou de Las Vegas, trouxe na mala esse pequeno companheirinho, que me encantou desde o princípio!

Imagine ter a coleção de C.S Lewis, os poemas de Fernando Pessoa, a Bíblia, um bom dicionário em inglês, enfim, tudo que você ama, numa telinha ao alcance dos seus olhos, numa interatividade absurda!

Minha diversão nesses dias tem sido baixar aplicativos de revistas/jornais, mídias sociais, jogos e, claro, livros free. Ainda não me aventurei a comprar edições digitais, mas assim que sair de férias, terei mais tempo para pesquisar e, claro, entrar de vez na era do e-book.

Claro que não é possível abandonar o papel de vez - e creio que dificilmente isso ocorrerá - mas já é um alívio saber que poderei viajar sem peso extra na mala, só porque decidi levar alguns livros para me divertir...

Na Veja desata semana, aliás, tem uma reportagem interessante sobre a resistência dos jovens aos e-books.
Estamos numa fase de transição e muita coisa ainda vai mudar...Escreve, ops, digita aí!

Abs e...até breve!

Paulinha
p.s.Estou acabando de ler "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera (em papel!) e logo postarei a resenha.

domingo, 17 de outubro de 2010

Através do Espelho

 Jostein Gaarder
Cia das Letras - 141 páginas

"Cecília estava tão doente que o Natal era como um punhado de areia que lhe escorria entre os dedos, enquanto ela cochilava ou ficava acordada" (pág 11)

Já aviso: esse é um livro triste, que desperta emoções profundas, ao refletir sobre a eminência da morte de uma garotinha com câncer terminal.

Não é um livro que se leia sem que uma lágrima caia vez por outra, ainda mais quando a gente se reconhece em algumas situações, como no meu caso. Mas...isso é uma outra história que qualquer dia conto (em livro ou por aqui).

O autor de O Mundo de Sofia e A Garota das Laranjas conta a história da pequena Cecília, que tem câncer, e está em casa em seus últimos dias de vida. Os pais, avós e irmão têm a rotina alterada no Natal e ficam todos de sobressalto a qualquer chamado pelo "sininho" da cabeceira da cama de Cecília.

Só que ela não está só. Um anjo, Ariel, aparece para confortá-la e conversar sobre os grandes dilemas da vida: o que é viver? O que são os sentidos? O que é este mundo diante de um universo com mais de 100 bilhões de galáxias? O que fazem os anjos?

Cecília aproveita para anotar seus pensamentos em um caderninho.
Coisas como:


 "acho muito estranha ser eu" (pág 4);

" eu compreendo muito melhor as coisas agora que estou doente". Parece que o mundo inteiro ficou um pouco mais nítido" (pág 46);

" será que um pensamento ou uma lembrança não é como um certo desenho formado pelas pedrinhas na praia da consciência?" (pág 88)



Com uma sensibidade que lhe é peculiar, o autor filosofa de uma forma diferente e emocionante do começo ao fim.

Vale a pena a leitura!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Antologia Poética

Vinícius de Moraes (1913-1980)
Companhia das Letras - 328 páginas


A primeira poesia de Vinícius que ouvi foi "Soneto de Fidelidade", quando era adolescente. A partir daí, passei a amar poesia e, claro, decorei o soneto em 2 tempos.

Agora, ao reler a coletânea de poesias de várias épocas da vida do autor, sou tomada pelo mesmo encantamento adolescente.

Como ficar indiferente ao ler "Ausência", "O Incriado", A Máscara da Noite", "Vida e Poesia", " A Vida Vivida", "Ternura" etc?

Vinícius evoca a mulher amada, a praia, o mar, as ondas, o pescador, o Rio de Janeiro, a morte, os amigos, o sofrer por amor, a beleza da vida...

São temas universais destilados poeticamente, que não se perdem no tempo, nem no espaço.


"...a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida..." (pág 21 - em "Ausência")

"...no meu coração intranquilo não há senão fome e sede / De lembranças inexistentes..." (pág 63 - em "Solilóquio")

"...Pensar nele [meu amor] é morrer de desventura / Não pensar é matar meu pensamento..." ( pág 182 - em "Soneto de Carnaval")

"...Amo-te, enfim, com grande liberdade / Dentro da eternidade e a cada instante..." (pág 299 - em "Soneto do Amor")

Quer mais? Então leia a obra a toda.
Seu coração agradece.

Em tempo: Se estivesse vivo, nosso querido poeta completaria 97 anos no próximo dia 19.

Boa leitura!

domingo, 10 de outubro de 2010

Hamlet, Rei Lear e Macbeth

William Shakespeare (1564-1616)
Clássicos Abril Coleções - 597 páginas

Essa edição contempla 3 das 7 tragédias do grande escritor inglês, cujo tema é o mesmo, conforme Bárbara Heliodora: "como o homem enfrenta o mal que sempre existe e o que o mal faz dele".


1. HAMLET

Trata-se de um drama familiar e político, que se desenrola a partir da aparição do fantasma do rei ao seu filho Hamlet, príncipe da Dinamarca. O motivo? O fantasma confessa ao filho que foi envenenado por Claudio (tio de Hamlet), o atual rei e atual marido de Gertrudes (mãe de Hamlet).
A partir daí, o jovem se faz louco e quase não sobra gente prá ter história prá contar!
Destaque especial para o diálogo de Hamlet e Horácio com os coveiros.
Se você acha que a obra se resume ao "ser ou não ser" ou ao famoso bordão "há algo de podre no reino da Dinamarca" precisa ler a obra toda.

2. REI LEAR

Rei Lear, o rei da Grã Bretanha, decide dividir o reino em 3 e dar as partes para as filhas Goneril, Regan e Cordélia. Para isso, pede para que cada uma fale sobre seu amor ao pai. As mais velhas o bajulam, mas a caçula fala a verdade, com amor. O rei, sem perceber o verdadeiro amor desta, se irrita, divide o reino em 2 partes e deserda Cordélia.
O rei da França aceita casar com Cordélia, pois "ela é um dote em si" (verso 241) e partem.
Tudo podia acabar por aí, mas aos poucos as filhas mostram quem realmente são ao impor limites às vontades do pai. Este descobre, tarde demais, quem foi a filha que verdadeiramente o amou...
Em paralelo, outras histórias se entrelaçam à trama principal, como a do fiel conde de Kent e a do conde de Gloucester e de seus 2 filhos, Edgar (legítimo) e Edmund (bastardo).
Traição, ambição, erro de julgamento, arrependimento, dor, amor e morte. Todos esses ingredientes aparecem nessa tragédia, que é considerada "a definitiva" obra-prima de Shakespeare.

3. MACBETH

Tudo começa quando 3 bruxas prevêem o futuro de Macbeth, primo do rei Duncan (rei da Escócia).

Ao ver que as bruxas acertaram as 2 primeiras previsões em curto espaço de tempo, Macbeth planeja matar o rei para que a terceira ("um dia [você] há de ser rei!") também se cumpra logo.

Sendo assim, Macbeth e Lady Macbeth planejam a morte do rei quando esse se encontra hospedado em sua casa e decidem culpar os guardas. O rei é assassinado e, a partir daí, para encobrir falhas do meio do caminho, muitas mortes acontecem.

Loucura, ambição ao poder e culpa são tratados nessa tragédia de forma que só um mestre como ele é capaz.

Boa leitura!