Rita Schultz
Sulminas - 384 páginas
"Inspiração? Bom, eu acho que é quando Deus manda um pensamento para o nosso coração." (página 28)
Então, essa autora mineirinha é inspirada (e que delícia de romance que ela escreveu)! E como é, sô!
O cenário: as fazendas de café de Minas, com seus casarões, seus empregados, suas belezas naturais. A perfeição. Ou quase.
Um dia, o amor aparece de uma forma não convencional, e ao mesmo tempo que desperta o melhor de cada um, evidencia também o desespero daqueles que não podem/não conseguem correspondê-lo.
É impossível não se apaixonar pela doce Mistral, a menina morena do Tio Fabio, criada na fazenda como um pássaro e que aprecia a leitura de bons livros.
A menina, aliás, um dia cresce e conhece um rapaz igualmente belo, inteligente e...que a ama. E a respeita. Ele é Camilo e logo percebe um certo perigo no ar, mas releva em nome do amor.
A vida, então, mostra um lado dolorido, sombrio, cruel e o fim do poço dura a eternidade de 3 longos anos.
É possível recomeçar? É possível ser feliz depois que as trevas se dissipam? E as marcas do coração, como ficam?
"Sabia muito bem quebrar espinhos. Só não sabia como vencer a dor..."
Para quem curte um bom romance, vai se deleitar!
Boa leitura!
Advertência: leia com calma, pois o tempo voa!
"...podiam-se ouvir os suspiros do tempo passando, passando..."
Resenhas de livros que li e, de certa forma, gostei. Muito ou pouco. Não tenho o objetivo de comparar escolas literárias, estilos, datas, épocas... Leitura pra mim é diversão e divulgo o lado alegre, poético, lúdico, desafiador de cada livro. Boa viagem!
terça-feira, 24 de maio de 2011
sábado, 14 de maio de 2011
Confissões
Santo Agostinho
Coleção Folha – Livros que mudaram o Mundo (vol 12) – 250 páginas
“O tempo não descansa, nem rola ociosamente pelos sentidos: pois produz na alma efeitos admiráveis.” (página 59)
O livro é dividido em 2 partes: na primeira, Agostinho conta detalhes de sua vida desde a infância: suas influências, seus planos, as pessoas com quem conviveu e seu processo de conversão.
“dominava-me um pesadíssimo tédio de viver e um medo de morrer.” (ao falar da morte do melhor amigo na juventude)
Na 2ª parte, ele reflete sobre grandes temas da existência humana: o que é a memória? E o tempo? Como explicar a trindade divina? E a criação? Quem é Deus? O que é a paz?
“O que é, por conseguinte, o tempo? Se ninguém me perguntar, eu sei, se quiser explicá-lo a quem me fizer a pergunta, já não sei.”
Agostinho foi um grande homem, no sentido de ter pleno domínio das palavras, conhecer bem tudo o que acontecia ao seu redor (e estamos falando do século IV da nossa era) e de reconhecer a grandeza e poder de Deus.
Sua biografia, porém, nos inquieta. Viveu cerca de 15 anos com uma mulher, teve um filho (Adeodato) com ela , mas não oficializou o casamento. Antes, foi prometido em casamento, por sua mãe, à outra pessoa - criança ainda -, mas teria de esperar “quase dois anos para chegar à idade núbil” (ou seja, até ela ter 12 anos).
Nesse período, ele se afastou dos maniqueístas (seita que misturava cristianismo com as doutrinas de Zoroastro) e se aproximou do catolicismo, para grande alegria de sua mãe Mônica e desistiu do casamento.
A mãe, aliás, teve grande papel na vida do autor e ele dedica grandes trechos de sua obra a ela.
Por fim, Agostinho deixou a oratória e aulas de lado e abraçou o celibato, o catolicismo e uma vida dedicada a exaltar a Deus.
“São quatro as perturbações da alma: o desejo, a alegria, o medo e a tristeza.”
“Não é a vida humana sobre a terra uma tentação contínua?”
Sua vida pode não ser um exemplo em muitos sentidos – e o abandono da mulher é o maior deles –, mas é inegável a contribuição do seu pensamento para nós até os dias de hoje.
Boa leitura!
“Passo muitas coisas em silêncio, porque tenho pressa.”
Eu também; eu também...
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