terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

1808

Laurentino Gomes
Planeta - 368 páginas

"Nenhum outro período da história brasileira testemunhou mudanças tão profundas, decisivas e aceleradas quanto os treze anos em que a corte portuguesa morou no Rio de Janeiro." (página 288)

De uma forma leve e bem humorada, o autor nos leva a uma viagem no tempo. O livro aborda os anos que antecederam a fuga da família real de Portugal; a viagem e todos os perigos da travessia; a acomodação dos novos moradores no Brasil Colônia e as consequências dessa viagem para Brasil e Portugal.

Imagine que entre 10 mil e 15 mil pessoas viajaram para um local desconhecido, há 2 séculos, sem o mínimo de conforto, sujeitas aos perigos da época, de doenças à ataques de piratas:

"Não havia água corrente nem banheiros. (...) No calor sufocante das zonas tropicais, ratos, baratas e carunchos infestavam os depósitos de mantimentos. A água apodrecia logo, contaminada por bactérias e fungos. (...)
No Alfonso Albuquerque, em que viajava a princesa Carlota Joaquina, uma infestação de piolhos obrigou as mulheres a raspar os cabelos e a lançar as suas perucas ao mar." (págs 82 e 85)

A imagem do Brasil pela ótica dos viajantes não era muito boa. O inglês James Henderson disse: "O Brasil não é lugar de literatura" (em 1819). Já o botânico William Burchell foi mais enfático: "Nesse país de analfabetismo, não se encontra ninguém que tenha intimidade com a noção de ciência" (página 238).
Por outro lado, com a abertura dos portos e o fim da proibição de acesso ao Brasil, muitos geográfos, biólogos, botânicos e vários cientistas vieram para cá, explorar e estudar a riqueza natural.

O Brasil acabou se tornando a bola da vez...

A leitura flui com leveza, com alguns trechos meio cansativos, mas já na parte final, o que não compromete a obra.

Pra quem curte História e deseja mais saber sobre essa época, está aí uma excelente pedida.

Boa leitura!