quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Mulheres sem nome

Martha Hall Kelly
Ed Intrínseca - 496 páginas

"Depois de algumas horas, paramos em Varsóvia, mas logo o trem recomeçou a se movimentar, ganhando velocidade. Nenhuma de nós naquele vagão chorou. Estávamos principalmente mudas; a vergonha daquilo tudo era grande demais para suportar." (página 146)

Livros que são baseados em fatos de guerra me dilaceram e esse não foi diferente.
Aqui temos a história de 3 mulheres no período de 20 anos (de 1939 a 1959): Caroline Ferriday, uma socialite norte-americana que trabalha em prol de órfãos da guerra, no consulado francês; Kasia Kuzmerick, uma jovem polonesa que foi levada cativa para o campo de concentração de Ravensbrück (Alemanha), junto com sua mãe, irmã e cunhada; e Herta Oberheuser, uma jovem médica alemã.

Caroline tem seus dias virados de ponta cabeça quando a guerra é anunciada: o amor de sua vida está na França e ela, em Nova York, não consegue notícias dele. Além disso, o dinheiro se torna escasso para ajudar as crianças órfãs e ela precisa achar alternativas pra levantar recursos para sua causa nobre.
"Depois que Hitler invadiu a Polônia, o ligeiro mau presságio que pairava no ar se transformou em pânico genuíno em todos os consulados de Nova York, e nosso escritório virou um inferno." (pág.58)

Kasia é uma jovem sonhadora, que ama seu melhor amigo e faz de tudo para ajudá-lo na resistência quando a guerra estoura. Ela e sua família, com exceção do pai, são levados para o campo de concentração e sua rotina passa a ser de dor, humilhação e privação. 
"A tesoura era fria na minha nuca, e a mulher xingava em alemão enquanto tentava cortar minha trança. A culpa era minha por ter cabelo grosso? Ela jogou a trança em uma pilha de cabelos tão alta que atingia o peitoril da janela..." (pág.165)

Por fim, Herta, uma médica ambiciosa, aceita o convite para ser a única médica no campo de concentração que Kasia está e será a única a saber o paradeiro de alguém muito importante para ela.
"Havíamos preparado objetos para inserir nas feridas [das prisioneiras] e simular ferimentos nas batalhas(...) Cada paciente teria um material infectante diferente introduzido na ferida." (pág. 222)

Não posso ir muito além disso para não estragar as surpresas e as durezas da história, mas posso adiantar que é um livro que você não vai quer parar de ler.

Caroline e Herta são personagens reais. Kasia é uma criação a partir da história de vida de Nina Iwanska e de sua irmã. Só de pensar que pessoas reais inspiraram o livro, dá dor no estômago e falta de ar. Sério.

Se quiser ler o primeiro capítulo, segue link que a editora disponibilizou no site.
Vale a pena a leitura!