domingo, 30 de junho de 2019

Em busca de sentido

Viktor E. Frankl (1905 - 1997)
Editora Vozes

Ouso dizer que nada no mundo contribui tão efetivamente para a sobrevivência, mesmo nas piores condições, como saber que a vida da gente tem um sentido.Há muita sabedoria nas palavras de Nietzsche:"Quem tem por que viver suporta quase qualquer como." (página 129)

Estava para ler esse livro há algum tempo e, como estou me recuperando de uma cirurgia, resolvi botar em dia minha lista de leituras. Confesso que essa foi bem difícil, pois sempre que leio algum relato pessoal acerca dos campos de concentração da 2a Guerra, sofro junto com o autor. É difícil conceber que a maldade humana não tem limites, de forma gratuita.

Mas esse livro não traz apenas relatos da guerra a partir do ponto de vista do autor, que é um psicólogo judeu. Ele tem uma segunda parte que é sobre a "logoterapia", ou seja, na busca de sentido na vida da pessoa.
A partir daí, ele tenta resumir sua teoria de 11 volumes em cerca de 100 páginas, com vários exemplos, sejam de prisioneiros ou capatazes. Aliás, essas atribuições não significavam muita coisa, quando se falava em bondade. Havia colegas maus, que entregavam os que deveria defender e líderes da SS que mantinham sua humanidade. Podiam ser poucos e raros, mas existiam e ele dá alguns exemplos.

Enfim, é uma obra riquíssima, pesada, dura, cheia de relatos que, com certeza, vai fazer você refletir sobre seus problemas e sofrimentos, buscando uma nova perspectiva de sentido. 

Boa leitura!





sábado, 1 de junho de 2019

Sobre histórias

C.S.Lewis (1898-1963)
Thomas Nelson - 256 páginas

"... o significado de um livro é a série ou o sistema de emoções, reflexões e atitudes produzidas por sua leitura."(página 233)

Esse livro é uma coletânea de 20 ensaios com a temática voltada para a escrita, produção de textos, gostos diversos pela leitura e pelas diversas formas de se apreciar e criticar uma obra.
A maioria dos capítulos aborda obras e autores como se fossem conhecidos de todos. J.R.R.Tolkien (de O Senhor dos Anéis) e George Orwell (de 1984 e A Revolução dos Bichos) são nomes comumente conhecidos e a leitura desses textos é enriquecedora demais. O espanto que tive ao ler A Revolução dos Bichos no ginásio, parece ter sido o mesmo que Lewis teve: é uma "obra de gênio", pensei assim como ele. Como conseguimos ser os mesmos depois de ler autores desse porte? Impossível. São leituras que te mudam e arrebatam.
Porém, ao falar de autores menos conhecidos (pelo menos na nossa realidade atual) em alguns ensaios, a leitura se torna meio cansativa (mas nada que desmereça a obra como um todo).

Assim como Lewis, amo os contos de fadas, e por isso me encantei com as Crônicas de Nárnia, as quais li e reli algumas vezes (aliás, preciso reler de novo!).
"O homem literário relê, outros homens simplesmente leem." (pág. 201)

Queria ter disposição para reler mais... quanto livro que amei e só li uma vez?

Por fim, um dos capítulos mais interessantes fala de como surgiu a ideia de escrever O leão, a feiticeira e guarda-roupa:
"... começou com a imagem de um Fauno carregando um guarda-chuva e de um pacote em uma floresta nevada (...) Além disso, não sei de onde nem porque veio o Leão ou por que ele veio. Mas, já que estava lá, Ele cooperou com a história toda, e logo puxou as outras seis histórias de Nárnia depois de Si." (pág 101)
Essa imagem surgiu ao 16 anos, mas ele só veio a escrever a obra quando já estava na casa dos 40.

"... um homem que escreve uma história está empolgado demais com a história em si para relaxar e perceber como está fazendo isso (...) Não acredito que alguém saiba exatamente como 'se inventa coisas'" (páginas 101 e 102)

O fato é que ele inventou uma das minhas obras favoritas. Não fui mais a mesma depois de ler Nárnia na minha infância.

Boa leitura!

Obs
Outras obras que li e amei: Cristianismo puro e simples e Cartas de um diabo a seu aprendiz.