segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Memória de elefante

António Lobo Antunes
Coleção Folha - Literatura Ibero-Americana - 158 páginas

"...onde, desde sempre, passeara a sua solidão, porque pertencia à classe de pessoas que só sabem sofrer acima dos seus meios." (página 86)

Nosso protagonista é médico psiquiatra, trabalha em um hospital e lida diariamente com as loucuras de seus pacientes e dos parentes destes.

Enquanto relata o seu cotidiano, devaneia sobre sua vida, sua infância, seu casamento fracassado. Aliás, nem ele mesmo sabe dizer realmente porque se separou, já que ama a ex-mulher e as duas filhas:

"Amo-te tanto que te não sei amar, amo tanto o teu corpo e o que em ti não é o teu corpo que não compreendo porque nos perdemos se a cada passo te encontro, se sempre ao beijar-te beijei mais do que a carne de que és feita..." 

Ele reconhece que está envelhecendo:

"Cada vez mais detestava emocionar-se: sinal de que envelheço...

"...vamos entretanto partindo aos pedaços, por frações, o cabelo, o apêndice, a vesícula, alguns dentes, como encomendas desmontáveis...

E, mesmo assim, se vê sem coragem para confessar seu amor e retomar o rumo da felicidade da vida:

"...procurava sem sucesso reconstruir dias de que conservava uma memória de felicidade difusa..."

Por fim, fica a pergunta: será que a felicidade só existe na memória?

Boa leitura!

2 comentários:

  1. A verdade aos pedaços costuma doer em menor intensidade, eu acho.

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    1. A verdade sempre é a melhor opção. Ela pode doer no começo, mas passa. Já mentira, deixa uma dor eterna.
      bjs e...obrigada pela visita, doc!

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