quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Ensaio sobre a lucidez

José Saramago (1922-2010)
Coleção Folha - Literatura Ibero-Americana - 368 páginas

"Um impossível nunca vem só." (página 233)

É dia de eleição e, ao invés das coisas transcorrem normalmente, desde o começo parece haver algo errado. Em primeiro lugar, quase ninguém aparece para votar. Depois, quando está quase para acabar o horário, filas se formam para esse fim.

O que mais surpreende, porém, é que mais de 70% dos votos apurados estão em branco e, numa 2a eleição, esse índice salta para 83%!

Os ministros se reúnem com o 1º ministro e o presidente: qual o motivo de tal disparate? Por que isso aconteceu?

Então, chega ao conhecimento deles o conteúdo de uma carta, relatando que na época da cegueira a que todos foram acometidos há 4 anos, uma mulher não apenas continuou a ver, como cometeu um assassinato.

Pronto! O bode expiatório apareceu e, agora, o ministro do interior delega a 3 policiais, sendo um deles o comissário chefe, a tarefa de conseguir uma história plausível para essa situação, com provas reais ou não.

"...os que mandam não só não se detém diante do que nós chamamos absurdos, como se servem deles para entorpecer as consciências e aniquilar a razão."

Ao retomar a história de O ensaio sobre a cegueira, voltamos aos antigos personagens e ficamos sabendo como foram suas vidas 4 anos após a epidemia de cegueira.
Novamente, ninguém tem nome próprio e os mesmos adjetivos são usados para falar de cada um: o oftalmologista; a mulher deste; o primeiro cego e sua a mulher; a moça de óculos escuros; o rapaz estrábico e, por fim, o velho da venda preta.

Aos poucos os 3 policiais vão tomando consciência do que está acontecendo e aí o perigo passa a ser mais evidente.

"...somos uma pequena e trêmula chama que a cada instante ameça apagar-se, e temos medo, acima de tudo temos medo."

Pra quem leu O ensaio sobre a cegueira é indispensável a leitura desta obra. Pra quem não leu, corra e leia as duas.

Boa leitura!



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