quinta-feira, 16 de julho de 2015

A imortalidade

Milan Kundera
Companhia das Letras - 408 páginas

"Não que acreditassem tanto nas opiniões que defendiam, mas não suportavam não ter razão." (página 143)


Há 5 anos, li A insustentável leveza do ser, e me apaixonei por Kundera. Como meus amigos me conhecem, me deram esse livro de presente de aniversário e, só agora, peguei pra ler e devorar.

A partir de um simples aceno de uma mulher desconhecida ao seu professor de natação, o autor-narrador é tomado por um sentimento arrebatador, de encantamento, que o faz imaginar como seria a vida desta mulher no seu dia-a-dia.

"Era o encanto de um gesto sufocado no não encanto do corpo. Mas a mulher, mesmo que soubesse que não era mais bonita, esqueceu isso naquele momento." (pág.10)

Agnes, a mulher, é casada com Paul, tem uma filha e uma irmã (Laura). O relacionamento entre eles, claro, não é fácil, mas repleto de conflitos e disputas.
Seria a Agnes real diferente da imaginada? O que é real e o que é fruto da imaginação do autor?

No paralelo, Kundera resgata a história de Goethe e Bettina von Armin e desenvolve diálogos e histórias que podem ou não ter acontecido. Quais as intenções da jovem ao se aproximar do grande escritor? Amor ou desejo da imortalidade?

Como é próprio do autor, temas como solidão, amor, ódio, vergonha, motivação, desejo, sonho estão presentes nas tramas.

"A solidão: doce ausência de olhares." (pág. 37)

Os gestos de Agnes, Laura, Bettina marcaram os homens que viveram ou tiveram contato com elas. Será que temos controle sobre a imagem que passamos e que não tem a ver com a aparência?

"...nunca sabemos por que e em que aborrecemos os outros, em que lhes somos antipáticos, em que lhes parecemos ridículos; nossa própria imagem é para nós o maior mistério." (pág. 148)

As disputas entre as irmãs - Agnes e Laura - e as motivações de seus atos. Agimos por impulso, por vontade, por acomodação com a rotina ou agimos para machucar/curar alguém?

"A armadilha do ódio é que ele nos prende muito intimamente ao adversário." (pág. 33)

"Não os usava [ os óculos escuros] para esconder o choro, mas para que soubessem que chorava." (pág. 111)

Boa leitura!



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