Mia Couto
Companhia das Letras - 147 páginas
"[No asilo] se descoloriam os tempos, tudo engomado a silêncios e ausências." (página 11)
Ermelindo Mucanga, carpinteiro, morreu às vésperas da Independência de Moçambique. Foi enterrado, então, embaixo de um pé de frangipani, árvore que dá flores lindas e perfumadas, próximo à fortaleza de São Nicolau.
Passadas 2 décadas, o local passa a abrigar um asilo e as autoridades decidem transformar Mucanga em herói póstumo, o que não lhe agrada. Para se safar desta, seu fantasma precisa ocupar um corpo vivente que está prestes a morrer. O escolhido é o inspetor de polícia, Izidine Naíta, que chega ao asilo para apurar a morte do diretor, Vasto Excelêncio, assassinado em condições misteriosas.
Ao entrevistar os velhos do asilo, Naíta percebe que não falam a verdade, mas mesmo assim os ouve: é a única forma de conseguir alguma informação sobre o assassinato.
O autor, como de praxe, recorre à fantasia, à poesia e a elementos da cultura local para criar essa trama de mistério, que nos faz refletir sobre questões sociais, como a velhice, a política e as politicagens do mundo.
"...primeiro, me acabou o riso; depois, os sonhos; por fim, as palavras. É essa a ordem da tristeza."
Vale a pena a leitura!
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