quarta-feira, 27 de outubro de 2010

A Insustentável Leveza do Ser


Milan Kundera
Cia de Bolso - 312 páginas

"...não existe meio de verificar qual é a boa decisão, pois não existe termo de comparação. Tudo é vivido pela primeira vez e sem preparação..."

Através da vida de seus 4 personagens principais, o autor traça os conflitos psicológicos-amorosos de cada um, tendo como pano de fundo a política da antiga Tchecoslováquia (hoje República Tcheca).

O médico Tomas vive procurando um algo mais em cada mulher que conhece, mesmo depois de encontrar seu amor, a insegura Tereza. A mulher que, segundo ele foi o resultado de seis acasos, tem pesadelos terríveis e acha uma razão de viver ao ganhar a companhia de Karenin, uma cachorrinha.

Interessante são os pensamentos que o autor empresta aos personagens para falar de amor, desejo, amizade, família, raiva, amor à pátria, vida sentimental:

"Enquanto as pessoas são ainda mais ou menos jovens e a partitura de suas vidas está somente nos primeiros compassos, elas podem fazer juntas a composição e trocar os temas. Mas se encontram numa idade mais madura, suas partituras musicais estão mais ou menos terminadas, e cada palavra, cada objeto, significa algo de diferente na partitura do outro."

"...o instante em que nasce o amor: a mulher não resiste à voz que chama a sua alma amedrontada; o homem não resiste à mulher cuja alma se torna atenta à sua voz..."

"... o amor começa no momento em que uma mulher [pessoa] se inscreve como uma palavra em nossa memória poética..."

Ao mesclar as relações entre os personagens (Tomas e Tereza / Tomas e Sabina / Sabina e Franz), ele mostra como mudanças absurdas ocorreram por causa da invasão russa em Praga, do estrago que foi para o país como um todo e aí pergunta:

" o problema fundamental não era: sabiam ou não sabiam? Mas: seriam inocentes apenas porque não sabiam? Um imbecil sentado no trono estaria isento de toda responsabilidade somente pelo fato de ser um imbecil?"

Enfim, trata-se de um romance denso, repleto de situações para reflexão e que tem um desfecho de deixar lágrimas nos olhos, ao contar com detalhes os últimos momentos de vida da cadelinha do casal, Karenin, cujo nome foi emprestado de Anna Karenina, de Tolstói (aliás, excelente romance que logo ganhará uma resenha aqui).

Vale a pena a leitura!

4 comentários:

  1. Quero ler este livro, já li o Rubem Alves comentar em suas crônicas, isso me deu um desejo de ler este romance tão belo.

    Valeu pela dica Paulinha.

    Paz e bem

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  2. Deu vontade de ler o livro!!! Essa questão de não poder trocar a partitura na idade madura me intrigou!

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  3. Olá!

    Meu nome é Adriane e também sou finalista do Prêmio Top Blog, na área de SUSTENTABILIDADE. Se quiser dar uma olhadinha no meu blog, segue o link:

    www.cpeaunesp.org

    Se quiser, pode votar também! XD
    Obrigada...e boa sorte!

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  4. Thiago e Valéria,

    O livro é bárbaro pelas pinceladas de pensamentos dos personagens...

    O lance da partitura é algo que acredito. É claro que existem exceções. Felizmente!

    bjo!

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