sábado, 24 de novembro de 2018

Quem diria que viver ia dar nisso

Martha Medeiros
L&PM Editores - 232 páginas

"Pessoas convivem, mas não se conhecem. Quem você permite que chegue bem perto das suas dores?"
(página 57)

Um dia, num almoço corrido no meio do expediente, uma amiga chega sorrindo e diz: "sem querer comprei 2 livros iguais e nem percebi. Então, lembrei de você e trouxe de presente." Sim, ela é uma querida, me conhece bem e a amo de paixão! O livro? Quem diria que viver ia dar nisso, da Martha Medeiros.
O almoço terminou com um café e um papo delicioso sobre as crônicas da Martha. Detalhe: eu quase perdi a hora pra voltar pra labuta. 

Usando o cotidiano e suas dores e alegrias, a autora consegue trazer uma leveza para a leitura, e não raro, um sorriso maroto nos lábios de quem lê. 
Aliás, li A graça da coisa há cerca de 2 anos e, ao ler essa nova coletânea de 107 crônicas, escritas para os jornais entre 2015 e início de 2018, tive a mesma sensação da época. As que falam de peças ou filmes perdem um pouco o frescor pois não são mais novidade, mas as que abordam temas universais, nos enchem de encantamento (pelo menos, na maioria das vezes).

Assim, ela fala do inesperado e da rotina, da alegria e da dor que os relacionamentos proporcionam, das semelhanças e diferenças, das gafes, dos modismos e por aí vai.

"... é mais fácil chamar atenção através do nosso pior do que do nosso melhor (...) Porém, há os que vieram em missão de paz e não se afligem pela discreta repercussão de seus atos." (pág.10)

"O diferente nos desafia, mas também nos cansa." (pág. 13)

"Quem é o dono do que acontece dentro de você?" (pág.23)

"Amor, pensando bem, é gratidão. Duas pessoas comuns tornando uma a outra especial." (pág.82)

"A felicidade anda me desorganizando." (pág.131)

"... sempre acreditei que a maravilha da vida está nestes inesperados desafios que surgem num dia que você pensava que seria igual aos outros." (pág. 135)

"... todo dia repetitivo é também um novo dia. É preciso delicadeza na prática de qualquer convivência. Há poesia no cotidiano." (pág.177)

"O que salva nossa biografia, no final das contas, é a loucura da nossa intimidade." (pág. 194)

Se não tiver tempo, leia pelo menos essas 3 crônicas: "Acontecem coisas" (pág 35) e "O dia seguinte" (pág.64) e "O nosso plural e o de vocês" (pág 165).

Boa leitura!

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