quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Obra Poética II - Poemas de Alberto Caeiro


Fernando Pessoa
L&PM Pocket - 141 páginas

"Procuro despir-me do que aprendi,
Procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram,
E raspar a tinta com que me pintaram os sentidos,
Desencaixotar as minhas emoções verdadeiras,
Desembrulhar-me e ser eu..." (página 84)

Sempre pensei em Pessoa como um ser confuso, místico, triste e perturbado, que encontrou na escrita um alívio para a dureza da vida.

"Não tenho ambições nem desejos. Ser poeta não é uma ambição minha. É a minha maneira de estar sozinho."

Por outro lado, sempre que li textos impactantes, encontrava lá a assinatura dele, ou de algum heterônimo seu. Não tinha como não ler e...não gostar!

Será que é porque "as coisas não tem significação: tem existência"?
A beleza da escrita existe por si só e não precisa de ninguém para defendê-la?

Caeiro é o heterônimo do homem simples, pastor do campo. É o poeta da natureza, que vê na realidade das coisas, a explicação para tudo, por isso não liga para filosofias ou religiões.

"A cor das flores não é a mesma ao sol, de que quando uma nuvem passa ou quando entra a noite..."

Para ele "pensar é estar doente dos olhos" e não há mistério no mundo para se perder tempo pensando.

"E os meus pensamentos são todos sensações."

O que me inquieta nesse heterônimo é justamente o paradoxo do seu estilo de vida e seu pensamento, pois quanto mais eu contemplo a natureza, mais me espanto com seus mistérios e com a grandiosidade de Deus.

"Sentir é estar distraído."

Talvez na ânsia de sentir a natureza, ele tenha se distraído e, por isso, não enxergou o grande Criador de tantas maravilhas. Talvez.

Boa leitura!

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