sábado, 22 de março de 2025

É assim que acaba


Collen Hoover
Editora Record - 368 páginas

"Começo a balançar a cabeça, querendo esquecer os últimos quinze segundos. Quinze segundos. Só isso já basta para mudar completamente tudo sobre uma pessoa." (página 185)

Lily Bloom é uma jovem de 23 anos que acabou de enterrar o pai, e se encontra no parapeito de um edifício alto, pensando na morte, quando tem seus devaneios interrompidos por um estranho, que chega bravo, chutando uma cadeira. Ele é o neurocirurgião Ryle Kincaid e, logo de cara, rola um clima entre eles, mas nada acontece, apenas um diálogo onde eles dividem verdades nuas e cruas. O reencontro e paixão vai ocorrer depois.

Primeiro assisti ao filme e, por ter gostado e visto toda a repercussão das brigas entre os atores principais, decidi ler o livro também.

Obviamente, tem muita coisa diferente, a começar do local onde Lily vive: aqui ela divide um apartamento com uma amiga, que nem aparece no filme. Além disso, Lily tem um diário, onde ela escreve para uma Ellen DeGeneris fictícia, contando detalhes de sua vida e lembrando fatos do seu programa. No filme, ela é sequer citada.

Um fato interessante no filme é que Lily é interpretada pela estonteante Blake Lively, no auge dos seus 37 anos, então muitos dos conflitos e dúvidas juvenis de Lily não combinam muito bem. Até não entendo o porquê da escolha dela, não desmerecendo seu talento, mas pela idade da personagem mesmo. E ainda teve todo o lance do climão pós filmagem entre ela e o Justin Baldoni (Ryle)... Enfim, Lily é mais jovem que Blake e está em busca de seu espaço, ao abrir uma floricultura em Boston.

A coincidência da irmã de Ryle querer trabalhar na floricultura de Lily, apesar dela ser rica e ter de tudo, é estranha no filme e no livro, mas aqui dá pra perceber como a amizade entre as duas cresceu a tal ponto, de se amarem como irmãs. Allysa é o porto seguro de Lily no trabalho e na vida pessoal. Ela não é uma coadjuvante como parece ser no filme.

E, claro, ainda tem Atlas Corrigan, o "sem teto" que foi a paixão de Lily na adolescência e acabou sumindo depois de conseguir ir morar com um tio em outra cidade. Aqui temos mais detalhes da história de Atlas e o ator Brandon Sklenar super encorporou o personagem.

O tema da violência contra a mulher é tratado sob 2 ângulos: um com um pai que bebia e descontava na esposa e outro que, depois de sofrer um trauma na infância, passou a agir assim em algumas situações específicas. Em ambos os casos, não há justificativa pra qualquer tipo de violência, ainda mais dentro de casa, com sua esposa. As reflexões que Lily faz são pertinentes demais, especialmente pra quem viveu/vive algo similar em casa, uma vez que podemos ser tentadas a justificar, relevar, seguir em frente para que nossos filhos tenham um teto pra morar, custe o que custar. Mas será que essa é a única saída nessas situações?

Vale a pena a leitura!

domingo, 23 de fevereiro de 2025

A paciente silenciosa


Alex Michaelides 
Editora Record - 364 páginas


"Isso aqui vai ser um registro prazeroso de ideias e imagens que me inspiram artisticamente, coisas que têm algum impacto criativo em mim. Nada de ideias malucas."(página 11)

É através do diário de Alicia Berenson, uma pintora famosa, e do relato do seu psicoterapeuta Theo Faber que vamos nos inteirando do que aconteceu naquele fatídico dia 25 de Agosto, quando Gabriel, um renomado fotógrafo de moda, foi assassinado em casa e a culpa recaiu sobre Alicia, sua esposa.

Como ela não confessou e nem falou nada desde o começo, foi julgada, de certa forma, como louca, e levada a um hospital psiquiátrico judiciário em Londres.

Seus quadros ficaram valorizados e o último que ela pintou, logo após o assassinato, ganhou o nome de Alceste, nome da heroína de um mito grego, e representava um mistério: haveria alguma mensagem oculta naquela obra?

Ela estava internada há cerca de 6 anos, quando surgiu uma vaga de psicoterapeuta e Theo foi escolhido para ocupar a cadeira. Seu objetivo era se aproximar dela e tentar fazê-la falar, afinal o que de fato aconteceu naquele dia? Ele tem certeza que é a pessoa certa pra fazê-la falar, mas será que ele está pronto para o que está por vir?

Essa obra é um thriller maravilhoso, cheio de surpresas, que te prende do começo ao fim, pois vamos nos envolvendo com o dia a dia do hospital e conhecendo mais da vida da pintora antes da tragédia pelo diário. 

Vale a pena a leitura!



sábado, 11 de janeiro de 2025

O segredo entre nós


Thrity Umrigar
344 páginas - Globo Livros

"Embora esteja amanhecendo, o interior do coração de Bhima está na penumbra."
(
página 9)

Há 16 anos conheci Bhima em A distância entre nós e quando soube dessa continuação, não pensei duas vezes em ler, afinal ela tinha acabado de perder seu emprego de empregada doméstica na casa dos Dubash e estava sem perspectiva alguma de como seria sua vida sem aquela "ajuda", ainda mais com os estudos da neta.

Mas o destino colocou Parvati em sua vida: uma mulher mais velha, doente e amarga, que foi vendida pelo pai pelo preço de uma vaca e ganha a vida vendendo couve- flor murcha na feira. Por saber fazer contas, ler e ter tino para o negócio, acabou se unindo a Bhima numa sociedade: uma ajudando a outra em suas deficiências e carências. 

Parvati não tem o gênio fácil, age por impulso e mostra uma certa ignorância, mas ao conhecermos um pouco da sua vida, da forma como se deu seu casamento com Rajesh, de como foi tratada desde a adolescência e como sobrevivia, começamos a entender um pouco de onde vem tanta amargura e falta de confiança.

"Será essa a maldição especial das mulheres, guardar segredos? (...) São nossos segredos que nos definem."(pág 279)

"Se pudesse tirar o medo da minha vida, arrancá-lo, como eu seria? Como seria viver o agora e deixar o futuro permanecer no porvir?" (pág 281)

Entre dores, desafios, doenças e poucas alegrias, esses duas mulheres criam uma amizade improvável e conseguem se ajudar nos seus segredos, gerando um final lindo e emocionante.

Vale a pena a leitura!