segunda-feira, 12 de junho de 2017

A vigésima segunda visita da generosidade

Guilherme Antunes
Ed Penalux - 154 páginas

"A generosidade acrescenta-nos a gratidão. Desfaz enganos. Antecipa-nos verdades ao dizer-nos o óbvio de que a vida sempre se bastou com pouco. Os pássaros de nada precisam no reino dos céus." (página 15)

Há cerca de 1 ano, conheci os textos do Guilherme através da leitura de seu sublime Teoria Geral do Desassossego. Mais uma vez, o autor transborda afetos:

"Guardo-me para os amanhãs que muitas vezes não vivo. Desperdiço-me nos amanhãs que sem eu esperar me consomem. Sonho para me salvar naquilo que ainda não sou. Vivo para realizar aquilo que ainda não sei." (pág.27)

"Amar é verbo sem cobranças. Amor sem promessa tem perfume de gratidão, perfumando-nos e, por consequência, perfumando o outro, sem esperarmos por isso." (pág.77)

"Posso dizer-lhe que sei amar e que fui amado, mas não sei dizer o que o amor é. Pois nos braços do amor morri e das suas mãos à vida tornei, mas não sei o contorno daquilo que me pôs a morrer ou renascer." (pág. 109)

Ele fala sobre medo, desequilíbrios da vida, dor, ansiedade, sonhos, amor, morte, saudades, erros, defeitos e sobre o ato de escrever, de transformar palavras em sentimentos com significados:

"... a vida que nos seus silêncios usa-me para escrever..." (pág.18)

"Costuro na palavra a poesia para fechar feridas." (pág. 22)

"São as palavras do poeta suas amantes: todas grávidas de sonhos." (pág. 67)

A vida é bela - apesar das circunstâncias e de nós mesmos - a partir do momento que mudamos nosso modo de enxergar as coisas e nos transformamos:

"Dói-nos desalojar certezas. Talvez seja a vida apenas isso: desalojar certezas."
(pág. 86)

Boa leitura!



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