domingo, 15 de novembro de 2015

A lentidão

Milan Kundera
Companhia das Letras - 105 páginas

" ...a fonte do medo está no futuro e quem se liberta do futuro nada tem a temer." (página 7)

Minha paixão por Kundera começou com A insustentável leveza do ser, que li há cerca de 5 anos. Ele é hábil em criar personagens densos que transpiram alegrias e dores, sucessos e fracassos, de forma intensa e, por vezes, insana.

A partir de um castelo francês do século XVIII, ele cria diversas histórias, com dramas distintos, baseado nas questões: o que se passa ao meu redor? Por que as pessoas se comportam assim e não de outra forma? Por que meu comportamento foi esse? O que nossas palavras querem, de fato, dizer?

"A palavra pronunciada num pequeno espaço fechado tem um significado diferente da mesma palavra ressoando num anfiteatro." (pág. 80)

E não só conta o que se passa num encontro de entomólogos nesse castelo, com um sábio tcheco, o "dançarino" Vincent e o próprio autor com sua esposa Vera, mas retoma uma trama libertina do século XVIII para ir e vir no tempo.

Ele questiona a felicidade, o prazer, o mundo que virou um palco, a ociosidade e a velocidade da vida:

" Estaríamos nós todos presos na mesma armadilha, surpreendidos por um mundo que, subitamente, sob nossos pés, transformou-se num palco do qual não podemos sair?" (página 69)

"...será que podemos viver no prazer e para o prazer e sermos felizes? O ideal de hedonismo é realizável?" (pág. 96)

Vale a pena a leitura!




2 comentários: