Nadia Murad
Grupo Novo Século - 336 páginas
"Ainda não se deram conta do motivo pelo qual pegamos vocês? Mas vocês não tem escolha. Estão aqui para serem sabaya (escravas sexuais), e vão fazer tudo que dissermos."
(página 138)
Nadia vivia com a mãe e os irmãos na pacata comunidade rural de Kocho (Iraque), num reduto de iazidis, povo com cultura e religião próprios, e basicamente se dedicava à lavoura e ao cuidado das ovelhas. Tinham suas festas e rituais, celebrados com alegria e viviam em paz entre si e com as comunidades vizinhas. Pelo menos, era o que parecia.
A vida de Nadia até seus 21 anos era bem simples: ajudava na lavoura, mas sonhava em se casar um dia e ter seu próprio salão de beleza. À noite, subia no telhado com suas irmãs e irmãos para contemplar o céu e dormir sob as estrelas.
Porém, em Agosto de 2014 tudo mudou: o Estado Islâmico invadiu sua comunidade, massacrou todos os homens (embora, tenha havido alguns sobreviventes) e mulheres idosas e levou as jovens para Mossul e Síria, basicamente, para serem escravas sexuais dos líderes e colaboradores do E.I. Nadia foi do céu ao inferno, e não foi sozinha. Centenas de jovens incluindo suas irmãs, cunhadas e sobrinhas também foram capturadas, vendidas, estupradas, violentadas, separadas umas das outras e humilhadas.
No livro, ela conta da divisão dos grupos no Iraque, da omissão dos povos vizinhos e de como o E.I as capturou e vendeu. Aliás, vendeu e revendeu. Elas não ficavam muito tempo com um dono, principalmente ela que "causava" e lutava pra manter sua dignidade.
Porém, um dia aparece uma chance real de fuga e ela não perde tempo! E aí a trama te prende de tal forma, que fica impossível largar o livro até saber o desfecho final.
Hoje, Nadia vive na Alemanha (aliás, perto de um amigo meu) e tenta refazer sua vida, contando sua história e lutando para que o E.I pague por tudo que fez pelo seu povo, dos sequestros ao genocídio.
Leitura perturbadora, mas imprescindível!
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