segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

A abadia de Northanger


Jane Austen (1775-1817)
Ciranda Cultural - 208 páginas

"A pessoa, seja cavalheiro ou dama, que não sente prazer em um bom romance, deve ser intoleravelmente estúpida." (página 81)

Já faz 10 anos desde que li uma obra de Jane Austen ("Persuasão"), mas sou fã de carteirinha dessa escritora inglesa, que arrebatou milhares de corações com "Orgulho e Preconceito", "Razão e Sensibilidade" e "Emma", só pra falar os mais conhecidos.

Essa obra foi publicada postumamente e é interessante como ela é conduzida: até a metade nem se fala da abadia do título, mas quase que apenas do balneário de Bath, onde a jovem Catherine Morland é levada por um casal de vizinhos, para usufruir momentos agradáveis e fazer companhia para eles. Como não tinham filhos e gostavam muito dela, fizeram o convite e os pais de Catherine deixaram ela ir, afinal seriam poucas de semanas e ela já era uma mocinha aos 17 anos.

Sendo assim, Catherine saiu da sua cidadezinha tranquila e se encantou com Bath e as oportunidades de entretenimento de lá: teatros, bailes, passeios de carruagem, compras na lojas, entre outras coisas.

No começo, a sra Allen, sua anfitriã, estava entediada porque não encontrou nenhum conhecido por lá, mas quando reconheceu sua amiga de escola (sra Thorpe), recobrou os ânimos e se puseram a conversar e a apresentar suas respectivas companhias. 

O casal Allen estava só com Catherine, mas a viúva Thorpe, estava com os filhos. Logo de cara, sua filha mais velha (Isabella) quis a amizade de Catherine e não se desgrudaram mais. Como descobriram que Catherine era irmã de James, amigo de faculdade de John Thorpe, tiveram mais motivos para investir na amizade.

James Morland, aliás, também se juntou ao grupo e os 4 eram vistos sempre juntos, criando uma espécie de pares, pois James se apaixonou por Isabella e John por Catherine. 

A questão é que antes que essa amizade surgisse, ela dançou num baile com um rapaz mais velho que ela (depois saberemos que a diferença é de apenas 8 anos), supersimpático e bem-humorado, o sr Tilney, e se encantou por ele. Aliás, a partir daí ela só pensava nele! E, além de tudo, ela também fez amizade com a irmã dele, que se mostrou dócil com ela desde o início.

Houve vários contratempos, claro, que não vou relatar aqui mas um dia surge um convite para ela conhecer a Abadia de Northanger, moradia dos Tilney, e aí a trama ganha uma outra dimensão que não vou adiantar para não estragar a leitura.

"A amizade é certamente o melhor bálsamos para as dores do amor frustrado."  (pág 22)

É um romance delícia de se ler, especialmente porque mostra os costumes do século XIX, quando não havia essa parafernália tecnológica de hoje, que tirou o encanto de muitas coisas do namoros e da corte.

O final é uma graça mas parece que foi escrito às pressas, pra acabar logo. Como Austen ficou doente e tinha sérios problemas de visão no fim da vida, de fato ela pode ter escrito rapidamente para acabar logo, mas essa é uma impressão que tive. 

De qualquer forma, vale a pena a leitura!





quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

Vivendo na luz: Dinheiro, Sexo & Poder


John Piper
Ed Vida Nova - 128 páginas

"...poder, dinheiro e sexo são todos dados por Deus para mostrar o que você valoriza." (página 25)


Esse é um livro que não vai te dar lição de moral, nem reinventar a roda, mas ele vai mostrar como podemos cair em armadilhas e sair do prumo que Deus tem pra gente, mesmo que "sem querer".  

Dinheiro, sexo e poder são dádivas e, consequentemente, oportunidades para mostrar o valor que Deus em nossas vidas, mas temos de estar alinhados no relacionamento com Ele para não saiam de órbita e nos façam perder o controle.

O homem trocou a glória de Deus por outras coisas e, se não houver o novo nascimento em Jesus, não conseguirá enxergar "os planetas" desalinhados, perdidos.

Enfim, esse é um livro pequeno, que você lê em um ou dois dias e vale a pena investir seu tempo nisso. Se ainda está na dúvida, ouça o que o autor diz a respeito:


E...boa leitura!

sábado, 5 de dezembro de 2020

As mais belas coisas do mundo

 


Valter Hugo Mae
Biblioteca Azul - 48 páginas

O meu avô sempre dizia que o melhor da vida haveria de ser ainda um mistério e que o importante era seguir procurando. Estar vivo é procurar, explicava.

Esse é um livro curtinho, com imagens lindas, que mostra as lembranças que um neto guarda de seu avô.

Com delicadeza, o autor fala de fases da vida, onde o avô instigava a curiosidade do neto e a busca por sempre questionar para aprender.

Inventar perguntas é aprender. Quem não aprende tende a não saber perguntar. (Cap 14)

O avô também o ensinou sobre a importância de se valorizar os sentimentos e o ajudou a entender o que de fato é belo no mundo:

"Ele sorriu e quis saber se não haviam de ser a amizade, o amor, a  honestidade e a generosidade, o ser-se fiel, educado, o ter-se respeito por cada pessoa. Ponderou se o mais belo do mundo não seria fazer-se o que se sabe e pode para que a vida de todos seja melhor." (Cap 26)

"A beleza, compreendi, é substancialmente um atributo do pensamento, aquilo que inteligentemente aprendemos a pensar." (Cap 28)

Com a morte do avô, o neto aprendeu que "há uma felicidade para os tempos difíceis" e percebeu o grande legado que foi deixado pra ele.

"A minha infância ficaria marcada por essa impressão digna de alguém me escutar por tanto tempo, de alguém querer instigar minha curiosidade e se alegrar com a minha imaginação." (Cap 43)

Também tive o privilégio de ter um avô assim: que me ouvia, ria, brincava, lia comigo, me levava ao cinema e me aconselhava. Nunca reclamou de nada e sempre procurava resolver os problemas da vida com um sorriso no rosto.

Ao ler esse livro, lembrei muito dele e agradeci a Deus o legado que ele deixou pra mim, especialmente porque ele me ensinou sobre Jesus, sendo um autêntico cristão.

Que possamos nos espelhar nesses avôs e sermos exemplo de vida e de amor a toda criança que cresça sob nossa responsabilidade, seja filho, sobrinho, neto.


Boa leitura!

sábado, 24 de outubro de 2020

Todas as Flores que não te enviei


Felipe Rocha 
Astral Cultural - 192 páginas

(Re)comece, Desenvolva-se, Corte raízes, Sustente-se, Ilumine-se, Floresça, Desabroche.

Com esses temas para cada capítulo, o autor cria poemas e pensamentos sobre o amor e os sentimentos mais intensos que ele provoca.

"Tristeza é passageira
E, na estrada da minha vida, decidi que não sentaria com ela."

"O amor nunca foi questão de tempo
Mas de intensidade"

"Existe sensação mais gostosa do que estar feliz
só pela ansiedade de talvez ser feliz?"

"Eu não sei exatamente o que somos nem em qual classe você estará em minha vida, afinal, não sou fã de rotular meus sentimentos. Mas, agora mesmo, neste exato momento, eu escolheria você outra vez."

É para ler num fim de tarde de sexta-feira, como fiz, para espairecer.
Aliás, li a versão em e-book, e nem vi o tempo passar.
Boa leitura!

domingo, 27 de setembro de 2020

Na estrada com Agostinho

 


James K.A.Smith
Thomas Nelson - 256 páginas

"Há prazer na estrada quando entendemos onde é o nosso lar" (página 28)

Pense nesse livro como um companheiro de jornada, não como um livro biográfico, conforme o próprio autor fez questão de frisar logo no começo da obra.

O livro, aliás, vem com um caderno de anotações superfofo, que preenchi quase que totalmente pois fui me encontrando várias vezes e era inevitável querer rabiscar alguma coisa!

Todos nós partimos e temos fome de estrada.
Sal Paradise e Dean Moriaty (em On the roadentendiam que a estrada é vida. Porém o destino engana e pode se tornar "uma estação no meio do caminho" (pág 21) pois, ao se chegar lá, não era bem o que se estava buscando.

"Quando saímos de casa em busca da felicidade, estamos à procura do "eu" que nunca conhecemos" (pág.26)

Com a conversão, você não sai da estrada, mas "muda a forma como você viaja" (pág. 30), pois você sabe onde é o seu lar, apesar de não ter chegado lá ainda.

O Livro X de Confissões é "o testemunho de um bispo quebrantado no presente", que luta todos os dias!

Hannah Arendt disse que "Agostinho era um cartógrafo do coração" (pág 46).

E o que mundo diz? 
"Esse é o seu lugar" é a mentira contada a nós por todos, da Disney a Las Vegas" (pág. 57)

As distrações, o entretenimento e as conversas do mundo tentam nos fazer sentir em casa, mas não conseguem. Na verdade, buscamos um lar que nunca estivemos antes, como se fôssemos um refugiado.

"O que almejamos é descanso" (pág 65)

"Aqueles que Deus encontrou descobrem nele a alegria que [Deus] mesmo é para eles." [Agostinho] (pág 65)

A vida cristã é essa peregrinação, onde vamos cansados, porém esperançosos, pois "Deus é o país que estamos procurando." (pág.69)

"Não sou mais quem eu era. Estou a caminho de ser quem fui chamado para ser, mas ainda não cheguei lá" [ Agostinho] - (pág.88)

Ao desejar a amizade de Deus, ele descansa sem se preocupar "em chamar a atenção de ninguém" (pág 100)

Falando em amizade, Agostinho teve em Alípio seu amigo e em Ambrósio o "amor de pai". A hospitalidade desse último "o fez enxergar o cristianismo". (pág 173).

"Amo para então conhecer (...) é o próprio Deus quem esclarece tudo." (pág 174)

Agostinho escreve Confissões "para tocar corações (...) para tocar as pessoas para uma história" (pág 197)

"Meu coração está inquieto até que descanse em ti" [Agostinho ] (pág. 200)

Creio que essa inquietação também é a nossa: chegar lá e Agostinho nos ajuda a enxergar isso. Nos ajuda também a enxergar que alguém vai nos acompanhar até o fim do jornada, alguém que venceu a morte e foi preparar um lugar especial para cada um de nós, conforme diz nas Escrituras (em João 14:2). Ele nos ajuda a nos enxergar como o filho pródigo que voltou pra casa e o Pai veio recebê-lo.

Boa viagem!

Boa leitura!




quarta-feira, 15 de julho de 2020

Moldado por Deus

John Piper
Ed Vida Nova - 80 páginas

"Salmos foi planejado para despertar e moldar nossas emoções à medida que nos provê instrução." (página 10)

O autor, de forma resumida e objetiva, fala das 3 características que enxerga nos Salmos: "são educativos, são poemas e provêm de Deus." (pág 7).

Os salmos são cânticos, poemas e falam de diversos sentimentos e emoções:
 
Solidão (25:16), amor (18:1), arrependimento (38;18), vergonha (44:15), alegria (4:7), temor (2:11), ira (4:4), paz (4:8), tristeza (31:10), anseio (10:17), esperança (33:22), gratidão (35:18), sofrimento (69:29), confiança (27:3) e muitos outros!

"Os salmos são palavras humanas e palavras de Deus.

É o livro do Antigo Testamento mais citado no Novo Testamento. Era o hinário, o livro de poesias e o livro de meditações da igreja. Juntamente com os ensinamentos de Jesus e dos apóstolos, Salmos foi o livro que, acima de todos os outros, moldou o pensamento e as emoções dos primeiros discípulos." (pág. 11)

A partir daí, o autor escolhe alguns salmos para falar de alguns sentimentos e emoções:

- Salmos 42 examina a depressão espiritual e mostra como enfrentar o desânimo de maneira correta.
- Salmos 51 fala sobre culpa e quebrantamento.
- Salmos 103 fala sobre gratidão e louvor.
- Salmos 69 fala sobre oposição e maus tratos.
- Salmos 96 exalta e glorifica a Deus como soberano Criador, Salvador e Juiz.

Enfim, em cada salmo a gente se enxerga em algum momento da vida e aprende como agir na dependência de Deus, seja nos momentos de alegria e vitória ou nos de desânimo e tristeza.

Boa leitura!

sábado, 2 de maio de 2020

O evangelho maltrapilho

Brennan Manning
Ed Mundo Cristão - 224 páginas

"embora seja verdade que a igreja deva sempre se dissociar do pecado, ela não pode jamais ostentar qualquer desculpa para manter qualquer pecador a distância."
(página 29)


Esse é um livro que transborda graça e misericórdia. Não prega barganha, sacrifícios, muito menos perfeição. Ele fala pura e exclusivamente da salvação pela graça em Jesus.

Somos imperfeitos e mesmo assim, somos amados por Deus!

"Ele é o único Deus jamais conhecido pelo homem que ama os pecadores." (pág.20)
"Quando sou honesto, admito que sou um amontoado de paradoxos. Creio e duvido (...) Honesto e ainda assim insincero (...)
Viver pela graça significa reconhecer toda a história da minha vida, o lado bom e o ruim...
" (pág 25)


Não devemos viver por obras, nem confiar em nossos ideais pois vamos falhar! Nossa confiança é no amor de Deus, que deu seu filho por mim e por você, por amor.

"O evangelho declara que, não importa quão dedicados e devotos sejamos, não somos capazes de salvar a nós mesmos." (pág 78)

"Evangelizar uma pessoa é dizer a ela: você também é amado (a) por Deus no Senhor Jesus." (pág.124)

Somos maltrapilhos, basta olhar no espelho pra conferir. Nos maquiamos para sermos aceitos, nos disfarçamos para passar uma boa imagem, tentamos nos enganar... mas no fundo, somos vacilantes, fracos, pobres, limitados, cansados, somos vasos de barro. E, com Jesus, devemos nos deixar quebrar nas mãos do oleiro para sermos transformados dia a dia. 
Só nEle encontramos força, segurança, graça e amor para seguir na caminhada cristã.

"O cristianismo autêntico deveria conduzir à maturidade, à personalidade, à realidade. Deveria moldar homens e mulheres que vivam integralmente vidas de amor e de comunhão." (pág. 139)

E como lidar com o sofrimento e a morte, ainda mais nesses tempos que estamos vivendo?

"Jesus responde: o reino do meu Pai não pode ser vencido nem mesmo pela morte (...) nenhuma perda é duradoura, nenhuma derrota mais do que transitória, nenhum desapontamento conclusivo (...) Nenhum mal pode resistir à graça para sempre." (pág 200)

"(...) a esperança cristã permanece firme e serena, confiante mesmo diante da câmara de gás, mesmo diante do câncer terminal*(...) E se morrermos? Jesus também morreu, e se Jesus morreu, cremos que ele agora vive, e que viveremos nós também." (pág.170)

Eu creio. E você?

Boa leitura!


* meu pai passou por isso: teve um câncer, conheceu Jesus, foi transformado, deu testemunho e, depois, foi morar com o Pai. Foi em paz, sereno e firme, pois conheceu seu Salvador e Senhor em sua graça,amor e misericórdia.






domingo, 8 de março de 2020

Que eu seja a última

Nadia Murad
Grupo Novo Século - 336 páginas

"Ainda não se deram conta do motivo pelo qual pegamos vocês? Mas vocês não tem escolha. Estão aqui para serem sabaya (escravas sexuais), e vão fazer tudo que dissermos."
(página 138)

Nadia vivia com a mãe e os irmãos na pacata comunidade rural de Kocho (Iraque), num reduto de iazidis, povo com cultura e religião próprios, e basicamente se dedicava à lavoura e ao cuidado das ovelhas. Tinham suas festas e rituais, celebrados com alegria e viviam em paz entre si e com as comunidades vizinhas. Pelo menos, era o que parecia.

A vida de Nadia até seus 21 anos era bem simples: ajudava na lavoura, mas sonhava em se casar um dia e ter seu próprio salão de beleza. À noite, subia no telhado com suas irmãs e irmãos para contemplar o céu e dormir sob as estrelas.

Porém, em Agosto de 2014 tudo mudou: o Estado Islâmico invadiu sua comunidade, massacrou todos os homens (embora, tenha havido alguns sobreviventes) e mulheres idosas e levou as jovens para Mossul e Síria, basicamente, para serem escravas sexuais dos líderes e colaboradores do E.I. Nadia foi do céu ao inferno, e não foi sozinha. Centenas de jovens incluindo suas irmãs, cunhadas e sobrinhas também foram capturadas, vendidas, estupradas, violentadas, separadas umas das outras e humilhadas.

No livro, ela conta da divisão dos grupos no Iraque, da omissão dos povos vizinhos e de como o E.I as capturou e vendeu. Aliás, vendeu e revendeu. Elas não ficavam muito tempo com um dono, principalmente ela que "causava" e lutava pra manter sua dignidade. 

Porém, um dia aparece uma chance real de fuga e ela não perde tempo! E aí a trama te prende de tal forma, que fica impossível largar o livro até saber o desfecho final.

Hoje, Nadia vive na Alemanha (aliás, perto de um amigo meu) e tenta refazer sua vida, contando sua história e lutando para que o E.I pague por tudo que fez pelo seu povo, dos sequestros ao genocídio.

Leitura perturbadora, mas imprescindível!


terça-feira, 28 de janeiro de 2020

Vidas Desperdiçadas

Zygmunt Bauman (1925-2017)
Ed Zahar - 176 páginas

"Ser 'redundante' significa ser extranumerário, desnecessário, sem uso (...) Os outros não necessitam de você. Podem passar muito bem, e até melhor, sem você." (página 20)

Há cerca de 3 anos li Amor líquido e Medo líquido, que falam das relações humanas descartáveis e da ansiedade/medo da sociedade moderna. São obras que tem quase 20 anos, mas parecem que foram escritas hoje pela manhã, tamanha a relevância dos assuntos.
Agora, com Vidas Desperdiçadas, o autor aborda o tema do "refugo" humano, pessoas que não tem um papel útil naquele momento e se tornam um fardo para uma sociedade. 

"Os refugiados, os deslocados, as pessoas em busca de asilo, os migrantes, os sans papiers (clandestinos) constituem o refugo da globalização." (pág. 77)

Esse fardo pode até ajudar a desviar a atenção em situações de conflito, pois são as respostas que muitas autoridades têm para provar que se preocupam com o povo e querem o seu bem.

"A vulnerabilidade e a incerteza humanas são as principais razões de ser de todo poder político. E todo poder político deve cuidar da renovação regular de suas credenciais." (pág 67)

Estimula-se o medo, a ansiedade, a desconfiança com aquele que que não é dali, como se todos fossem potenciais usurpadores/terroristas. 

Além disso, o autor também aborda temas como a depressão da nova geração nascida no admirável e líquido mundo moderno e a transitoriedade universal da vida.

"Nada é necessário de fato, nada é insubstituível (...) os contratos não são assinados a menos que se fixe a sua duração ou que se permita serem anulados (...) A modernidade líquida é uma civilização do excesso, da superfluidade, do refugo e de sua remoção." (pág. 122)

Mas nem tudo está perdido, pois ele crê no papel benéfico das amizades:

"... amigos e amizades desempenham um papel vital em nossa sociedade tão individualizada." (pág. 155)

E reforça os aprendizados:

"Os dias importam tanto quanto e nada mais que a satisfação que se pode extrair deles. O prêmio que você pode esperar (...) é um hoje diferente, não um amanhã melhor."

"Não importa o que você faça, mantenha suas opções abertas." (pág 134-135)

"Esperar é uma vergonha..." (pág. 137)

"(...) manter-se em movimento importa mais que o destino." (pág.146)

E não para por aí, o autor fala de beleza, eternidade, relacionamentos, contatos virtuais, big brother... é uma riqueza de assuntos, todos interligados. Fico só imaginando como deveria ser uma tarde de prosa com Baunan, num café... ia ter assunto pra mais de metro!

Boa leitura :) 


domingo, 12 de janeiro de 2020

Origem

Dan Brown
Editora Arqueiro - 432 páginas

"As notícias falsas têm tanto peso quanto as verdadeiras."
(pág. 161)

A primeira vez que li Dan Brown foi em 2009 (Ponto de Impacto) e fiquei encantada com o estilo do autor. De lá pra cá, já foram 5 livros e ainda tenho certa admiração pela forma como ele consegue amarrar os capítulos e prender a atenção do leitor, porém ela termina aí. A originalidade parece que está chegando ao fim.

Nessa trama, tudo começa com a ambição do bilionário, futurólogo e gênio da computação, Edmond Kirsch, divulgar ao mundo o resultado de seus estudos e pesquisas acerca de duas questões que atormentam a humanidade há séculos: 

De onde viemos?
Para onde vamos?

Para isso, ele reúne antes 3 líderes das maiores religiões para fazer sua apresentação, com o intuito de mostrar as fragilidades delas. Claro que há uma repulsa dessas autoridades após a reunião e, mesmo assim, ele decide seguir com seu plano para divulgar suas descobertas para o mundo, direto do Museu Guggenheim de Bilbao da Espanha (imagem abaixo), 3 dias depois.



professor de Simbologia Robert Langdon é um dos convidados de honra para esse grande dia, já que Edmond foi seu ex-aluno. Ele vai e se mostra curioso com o resultado: o que será que seu pupilo, ateu, está planejando? 
Já no museu, ele acompanha de perto todo o suspense que cerca o evento: tudo foi muito organizado e planejado, para que não houvesse erros e para que todos pudessem acompanhar o raciocínio do palestrante com calma e conforto.
Tudo ia bem até que no momento crucial da apresentação acontece algo inesperado: um tiro!

Não vou falar mais pra não dar spoiler, mas já dá pra saber que vem confusão, perseguições, tiros e fugas mirabolantes pelo caminho.

Aqui também temos um supercomputador, melhor que o TRANSLTR de Fortaleza Digital, chamado Winston, que ajudará Langdon a decifrar todo o imbróglio da trama.

Particularmente, achei que a fórmula já está ficando gasta e cansativa. Você só vai saber a "resposta" da primeira pergunta (De onde viemos?), por exemplo, a partir da página 359. E ela é fraquinha, assim como a da segunda.

Não é o melhor de Dan Brown, que aliás parece se divertir em exaltar o ateísmo na figura de Kirsch, mas pode agradar quem ainda tem paciência para acompanhá-lo.

Boa leitura!

obs: li também Anjos e Demônios, O Símbolo PerdidoFortaleza Digital e Ponto de Impacto