quinta-feira, 31 de maio de 2018

Pés como os da corça nos lugares altos

Hannah Hurnard (1905-1990)
Editora Vida - 192 páginas

"O Senhor Deus é a minha fortaleza, e faz os meus pés como os da corça, e me faz andar em lugares altos." 
Habacuque 3:19

Era uma tarde de sábado, num café, quando ganhei esse livro de um casal muito querido. Sim, dias perfeitos existem!

E foi assim, que "Grande-Medrosa" entrou na minha vida. Essa personagem maravilhosa, que vive no Vale da Humilhação e vem da família Temores
Ela tem sérios problemas físicos nos pés, que a fazem mancar e andar com dificuldades. Tem, também, o rosto desfigurado, que chega a atrapalhar a fala mas, apesar de tudo, é feliz em seu trabalho para o Pastor-Chefe.

O que a tem deixado preocupada, porém, é a insistência da família para que se case com seu primo Covardia. Aliás, toda a família a atormenta e a deixa pra baixo, humilhando-a sempre que podem. 
Tia Sombria Agourenta, as primas Desanimada e Rancorosa e outros parentes como Orgulho, Autopiedade, Ressentimento e Amargura se revezam nesse papel(ão) com grande dedicação!

Então, Grande-Medrosa procura o Pastor e decide partir para os Lugares Altos, onde terá os pés como os da corça e receberá um novo nome. Ela ganha duas companheiras de viagem: Tristeza e Sofrimento. Juntas, elas percorrem lugares como as praias da Solidão, o desfiladeiro da Injúria, as florestas do Perigo e da Tribulação, o vale da Privação, entre outros. Não será uma viagem fácil, mas Grande-Medrosa sabe que pode contar com o Pastor em qualquer momento e com suas promessas!

A alegoria lembra muito o livro O Peregrino, de John Bunyan, pois também trata de uma jornada em meio aos perigos da vida. Se você leu esse, com certeza vai gostar desta outra viagem e se não leu nenhum, não perca tempo e leia os 2, são edificantes!

Boa leitura!

sábado, 5 de maio de 2018

Deus também bebe café

Guilherme Antunes
Editora Penalux - 136 páginas

"Deus se encontra no comum, no cotidiano, no trivial, no banal, no corriqueiro e batido." (página 9)

Deus se encontra nos momentos do cafezinho com os amigos: quer comunhão mais gostosa que essa? Hora em que ouvimos o outro com tempo e atenção, que abrimos nosso coração, que rimos, que soluçamos... tempo que adoçamos - ou não - essa bebida tão deliciosa, que já saboreamos só de sentir o cheirinho?

Quantas vezes levantamos com tanta pressa, que nem enxergamos nossa melhor companhia no café da manhã?

"Deus é o silêncio que deseja ser escutado. E que nos aguarda para o desjejum." (pág 10)

E, brincando com sua prosa poética, o autor fala do amor, da compaixão, das felicidades, das liberdades da vida. Mas, fala também da morte, das mentiras, do ego, das raivas e dos medos.

"Sentia-se a única neste mundo a conhecer com intimidade o sobrenome das tristezas." (pág.18)

"A tristeza é como a notícia da casa a demolir-se onde já fomos felizes." pág 101)

"O amor é o abajur que apago para dormirmos juntos." (pág.121)

Cada prosa é uma música que meu coração brinda: ora com surpresa (Como ele escreveu isso sem me conhecer?), ora com alegria (então ele também sente isso que não sei descrever?), ora com tristeza (existem dores que são universais e nem por isso deixam de doer)

"As palavras podem ser doçura ou espinho: depende de como amanhece o coração." (pág.93) 

Ah, amigo, que seu coração possa amanhecer sempre feliz e que a doçura da sua vida transborde sempre em palavras que acalentem nossos corações. Não para de escrever não...

Boa leitura!

obs: outras obras do autor que li e amei: Teoria Geral do Desassossego A vigésima segunda visita da generosidade