quarta-feira, 13 de abril de 2022

Tudo é rio

 

Carla Madeira
Ed Record - 210 páginas


"... e o amor? O que é senão um monte de gostar? Gostar de falar, gostar de tocar, gostar de cheirar, gostar de ouvir, gostar de olhar. Gostar de se abandonar no outro. O amor não passa de um gostar de muitos verbos ao mesmo tempo."
(página 19)

Essa é a história de amor - e desamor - de Dalva e Venâncio. E também de Lucy, a famosa prostituta da região.

A vida podia ser simples e seguir o rumo do rio, mas as adversidades existem - ou porque procuramos ou porque aparecem espontaneamente - e trazem suas lutas e consequências.

Dalva foi criada cercada de muito amor, alegria e cantoria. No seu casamento o vestido trazia bordado os nomes do todos que eram importantes para ela, aliás, cada um teceu ali o seu afeto e carinho. Já Venâncio, teve uma infância difícil com o pai, aprendeu a arte da marcenaria e teve que lidar com seu ciúme excessivo na base da dor e sofrimento.

Lucy, por sua vez, ficou órfã cedo e foi morar com os tios, onde se viu preterida no amor da tia, encontrando na sedução dos homens a sua alegria e desafio de vida.

Um dia, o destino uniu esse trio e a autora conseguiu transformar em poesia cada detalhe da trama, mesmo quando a vida se mostrou dura e cruel.

Nem tudo são flores e, pessoalmente, fiquei muito chocada numa parte decisiva da história (aliás, mudaria facinho esse trecho, sem prejudicar o rumo da coisa), mas apesar de tudo, ela soube conduzir e superar as tragédias com maestria e sensibilidade.

"Os lábios dele tocaram de leve nos lábios dela, como o pouso de mil borboletas brancas. Tomaram uma distância miúda, quase invisível, e se encostaram de novo, um vai e vem sereno embalou os dois aumentando aos poucos a vontade de demorar ali (...) É para coisas assim que nascemos. Quem para o tempo nesse sentir sai diferente. Muda. Conhece a força de existir." (pág 87)

A leitura flui fácil e, quando você vê, leu mais da metade de uma vez só.

Boa leitura!


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