José Eduardo Agualusa
Foz Editora - 174 páginas
"...nenhum homem é livre enquanto outro estiver aprisionado." (página 146)
Uma querida amiga (Lu Leitão) me indicou a leitura de Agualusa: um escritor angolano que ela havia descoberto e se encantado. Fui procurar e tive certa dificuldade em encontrar suas obras, mas achei esta preciosidade e, confesso, também fui cativada por ele.
Ludovica, ou simplesmente Ludo, mora com a irmã Odete e o cunhado Orlando em uma cobertura de luxo em Luanda. Foi para lá contrariada. Morava em Aveiro, Portugal, e não gostava de ser ver exposta ao ar livre.
Com a chegada da guerra civil e com o desaparecimento da irmã e do cunhado, ela se enclausura no apartamento, construindo uma parede no lugar da porta de saída. Fica isolada do condomínio, das pessoas e do mundo. E assim, vive por quase 3 décadas.
Como ela come, o que faz, com quem interage (involuntariamente ou não) são explicados em 37 capítulos curtos, que trazem também outros personagens. Todos eles, aliás, têm algum ponto em comum com a trama de Ludo, mesmo que no começo não fique tão claro. Pode ser o vizinho do lado (Pequeno Soba), que achou 2 diamantes no ventre um pombo quando o matou para comer ou o colecionador de desaparecimentos, Daniel Benchimol.
"...há passados que atravessam séculos sem que o tempo os corrompa." (pág. 135)
As tramas se cruzam, se explicam, se enlaçam e evidenciam a natureza criativa e encantadora de Agualusa.
Sim, ele ganhou mais uma fã.
Boa leitura!
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