Mia Couto
Companhia das Letras - e-book
"A missanga, todos a vêem.
Ninguém nota o fio que,
em colar vistoso, vai compondo as missangas.
Também assim é a voz do poeta:
um fio de silêncio costurando o tempo."
Vou me acostumar a ler no iPad, mas quem ama sentir o papel na ponta dos dedos, como eu, ainda apanha com a leitura online.
De qualquer forma, ler Mia sempre é um deleite. Nessa obra, temos 29 contos fantásticos, repletos de poesia, lirismo, magia e doçura.
Os opostos sempre convivem juntos: amor/ódio, vida/morte, certezas/incertezas, presenças/ausências, crenças/descrenças.
"Não existe terra, existem mares que estão vazios." [ em "O peixe e o homem"]
O tempo não flui igual para todos e sempre é tratado de forma poética:
"Há um rio que atravessa a casa. Esse rio, dizem, é o tempo. E as lembranças são peixes nadando ao invés da corrente." [em "Inundação"]
"O tempo é um fruto: na medida, amadurece; em demasia apodrece." [em "Uma questão de honra"]
Os sentimentos ganham cores e intensidades absurdas:
"Estou tão feliz que nem rio. Deito-me com desleixo, bastando-me eu e eu." [em "Os olhos dos mortos"]
"A solidão se enroscou, definitiva, no seu viver." [em "O caçador de ausências" ]
"Chorar é um abrir do peito..." [em "Os machos lacrimosos"]
Vale a pena a leitura!
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