Mia Couto
Companhia das Letras - 277 páginas
"... sou a letra que aguarda pelo afago dos teus olhos." (página 134)
Silvestre Vitalício se exilou em um fim de mundo de Moçambique, longe da civilização, com seus dois filhos (Ntunzi e Mwanito), seu cunhado (Aproximado) e seu serviçal (Zacaria Kalash), depois que sua esposa (Dordalma) faleceu.
Esses não são seus nomes de batismo: todos receberam um novo nome nessa terra de ninguém, que também recebeu um nome, Jerusalém, e passaram a viver sob as ordens e os delírios de Vitalício.
"Neste mundo existem os vivos e os mortos. E existimos nós, os que não temos viagem." (pág. 54)
Quem narra a história é Mwanito, 11 anos, que não se recorda da cidade de onde viera, nem de sua mãe. Ele aprende a ler e a escrever com o irmão mais velho, escondido do pai, rabiscando um velho baralho de cartas.
"...a escrita era uma ponte entre tempos passados e futuros (...) No jogo com a escrita, perdi-me sempre." (pág. 42)
Um dia, ele se depara com uma mulher (Marta) em Jerusalém, uma portuguesa branca e se assusta com os sentimentos que são despertados nele. Ela, por sua vez, está à procura de Marcelo, o marido que a traíra.
De uma forma que é peculiar de Mia Couto, vamos conhecendo os segredos de cada personagem, seus medos e seus desejos. A vida se avoluma e se perde, conforme o ritmo das tragédias e alegrias de cada um.
"A vida é demasiado preciosa para ser esbanjada num mundo desencantado." (pág. 23)
Ainda bem que existe um Mia para nos encantar com suas palavras...
Boa leitura!
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