L&PM Pocket - 82 páginas
"Se nela está minha alma transformada
Que mais deseja o corpo alcançar?" (página 16)
Quando estava no colegial, meu professor de literatura nos fez decorar os primeiros versos dos Lusíadas (*) e peguei certa birra por Camões.
Mas essa birra passou ao conhecer o famoso soneto:
"Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É um não contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
É um estar-se preso por vontade;
É servir a quem vence o vencedor;
É um ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos mortais corações conformidade,
Sendo a si tão contrário o mesmo Amor?" (pág 53)
Nos diversos sonetos selecionados para esta obra, Camões canta o amor e suas impossibilidades; a proximidade e a distância.
"De amor escrevo, de amor trato e vivo;
De amor me nasce amar sem ser amado (...)" (pág 71)
Canta também a dor: ele perdeu sua amada Dinamene em um naufrágio e fez um soneto comovente para ela.
Vale a pena a leitura!
(*)
Os Lusíadas (1572)
Canto I, 1-2
Obs: e ainda sei tudo isso de cor até hoje!
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