Albert Camus (1913-1960)
Editora Record - 126 páginas
"Desejava afirmar-lhe que eu era como todo mundo. Mas tudo isso, no fundo, não era de grande utilidade e deixei de lado por preguiça." (pág 70)
O jovem Mersault perde a mãe, que vivia há 3 anos num asilo, e não demonstra nenhum sentimento de dor no velório e no enterro. O calor, a viagem, o sol são fatores que o perturbam mais que a morte da mãe.
O fato não seria de todo relevante se, pouco tempo depois, ele não tivesse cometido um assassinato de um árabe, de modo frio e, aparentemente, premeditado.
Albert Camus mostra todo o pensamento do jovem que, até o fatídico dia do assassinato, curtia a nova namorada Marie, nadar no mar e comer no bar do amigo Céleste.
Então, ele se importava com algo, certo?
Na verdade, para Mersault, tanto fazia casar ou não; tanto fazia se a mãe estivesse viva num asilo há 80 Km ou estivesse morta; tanto fazia se o vizinho queria se vingar da namorada exploradora; tanto fazia que estivesse preso; tanto fazia se acreditassem nele ou não...
O existencialismo apregoado não dependia de destino, de Deus, de nada, mas do absurdo da vida e das coisas que acontecem.
Porém, o jovem age como que num torpor diante de tudo, até da prisão. A cena em que Marie o visita na prisão, separada por grades, é emblemática. Ele vê a tudo, a todos, ouve fragmentos e se perde divagando...
É uma obra forte, cujo final é um grito de socorro de alguém que não quis enxergar a beleza divina e preferiu viver cego num mundo tão lindo.
O livre arbítrio existe e nem todos tem sabedoria na escolha...
Boa leitura!
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