domingo, 11 de agosto de 2024

Herdeiras do mar


Mary Lynn Bracht
Editora Paralela - 304 páginas

"Presenciar a morte de alguém é uma coisa estranha e assustadora. Em um momento a pessoa está lá, respirando, pensando, cheia de gestos, e então, no momento seguinte, não há mais nada." (página 101)

Hana é uma jovem de 16 anos que vive na Ilha de Jeju com sua família e colabora no sustento da casa como haenyeo , ou seja, uma mulher do mar, que mergulha diariamente para encontrar moluscos e vender na feira. Ela e a mãe acordam cedo e vão para o mar, o pai vai pescar e a irmã caçula (Emiko), fica na praia cuidando das coisas e evitando predadores.

A Coreia está sob a Ocupação japonesa há alguns anos e Hana teve que aprender a língua, além de tomar certos cuidados, pois a 2a Guerra estava em curso e não poupava ninguém.

Um dia, quando voltou pra pegar ar enquanto mergulhava, ela viu algo que a fez tremer: um soldado japonês estava indo na direção da sua irmã na praia, apesar de naquele momento ele não ter ângulo para vê-la. E então Hana nada o mais rápido que pode para proteger a irmã e evitar o pior. Ela consegue chegar na praia e desviar a atenção para si, mas acabou sendo capturada pelos japoneses e levada para a Manchúria.

A partir daí, passamos a conhecer um pouco do que foi a realidade para mais de 50 mil coreanas na guerra, quando foram forçadas a se tornarem mulheres de consolo”, servindo aos soldados e oficiais japoneses em condições degradantes e desumanas.

Mary Lynn Bracht não poupa detalhes na dureza da vida dessas mulheres e intercala os capítulos narrando a vida de Hana e de Emi, no passado e no presente. É uma leitura difícil, dura e indigesta, mas que trouxe informações que eu desconhecia até então.

Vale a pena a leitura!

quinta-feira, 8 de agosto de 2024

O rouxinol

 

Kristin Hannah
Ed Arqueiro - 544 páginas

"Se há uma coisa que aprendi nesta minha longa vida foi o seguinte: no amor, nós descobrimos quem desejamos ser; na guerra, descobrimos quem somos."
(página 7)

Vianne Mauriac gostava de sua vida de casada: morava numa casa boa na França, no vale do Loire, e curtia seu marido Antoine e sua filha de 8 anos, Sophie. 
Como perdeu a mãe cedo e não teve o amor de pai que precisava, acabou se casando muito jovem e engravidou aos 17 anos. Não reclamava, pois tinha construído um lar. Se bem que, às vezes, se pegava pensando na irmã caçula, a rebelde Isabelle Rossignol.

Isabelle, por sua vez, vivia sendo expulsa das escolas e, agora, aconteceu de novo. Seu pai não suportava isso e teve que acolhe-la, já que o clima não era nada bom: a 2a guerra estava começando na França e tudo estava o caos. Bombardeios, fugas, prisões, nada era seguro.

Antoine teve que servir o país, deixando Vianne sozinha com a filha, mas logo Isabelle apareceu por lá e começou a se indignar com o rumo das coisas: faltava comida, os alemães estavam se apoderando de tudo e não tinham liberdade alguma, tudo era controlado por eles. Inclusive, a casa de Vianne, que passou a ser ocupada por um oficial alemão como se fosse um hóspede. Aí, Isabelle não aguentou e tomou uma decisão que a separou da irmã e a levou por um caminho bem longe e cheio de conflitos.

Fome, perdas, dores de todos os tipos, incertezas, traições, torturas são um pouco do que vemos na trajetória das irmãs, pois passamos a acompanhar a vida de Vianne pra sobreviver (e lutar por sua família e amigos próximos) e de Isabelle na luta pelo fim da guerra e por justiça.

O livro te envolve de tal forma que você sofre junto, torce junto e chora junto com as irmãs.

O final é surpreendente e fecha a trama de uma forma sensível e emocionante.

Leitura indispensável, super recomendo!