Eduardo Galeano (1940-2015)
L&PM Pocket - 272 páginas
"A identidade não é uma peça de museu, quietinha na vitrine, mas a sempre assombrosa síntese das contradições nossas de cada dia." (página 123)
Esse livro é fruto de uma vida no exílio. No caso, o uruguaio Galeano se exilou na Argentina e na Espanha, por causa da ditadura militar em seu país de origem.
As breves crônicas contam "causos", historietas, sonhos e pesadelos de um momento difícil que ele viveu, presenciou, escutou ou soube por alguém. São micromomentos que nos calam ou nos fazem sorrir; que provocam repulsa ou geram uma luzinha de esperança.
"Diego não conhecia o mar (...) E foi tanta a imensidão do mar, e tanto o seu fulgor, que o menino ficou mudo de beleza. E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai: Me ajuda a olhar!" (pág 15)
"O bisavô é feliz porque perdeu a memória que tinha. O bisneto é feliz porque não tem ainda nenhuma memória. Eis aqui, penso, a felicidade perfeita. Não a quero." (pág.109)
"Eu não quero desconfiar dos aplausos." (pág.174)
As memórias falam de outros nomes conhecidos, como Neruda, Nelson Rodrigues, Darcy Ribeiro e o poeta Juan Gelman, por exemplo, em situações que podem ou não ser verdadeiras em sua totalidade. O resultado é de dar um nó na garganta e querer abraçar alguém só pra dizer: "tá tudo bem, agora."
Esse é um livro que cresce, em cada etapa da leitura.
Como o autor mesmo disse: "O livro cresceu tanto dentro dela que agora é outro, agora é dela." (pág.20)
Boa leitura!
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