Herta Müller
Editora Globo - 161 páginas
"Tudo parece próximo e, quando nos aproximamos não chegamos lá. Eu nunca entendi essas distâncias. Eu sempre estava atrás dos caminhos, tudo corria à minha frente. Eu só tinha a poeira na face. E em lugar nenhum havia um fim." (página 23)
"Depressões" é um dos 15 contos desse livro, o maior deles, que conta as lembranças de uma menina no campo, sua vida na aldeia com seus pais e avós. Ela não recebe carinho, pelo contrário, só broncas, tapas e bofetadas.
"Toda vez eu caía e começava a chorar, mordia o pente na minha dor e sabia, nesse instante, que não tinha pais, que estes dois não eram ninguém para mim, e me perguntava porque estava sentada nesta casa, nesta cozinha com eles..." (pág. 68)
Há toda uma descrição do campo, dos insetos, das flores e do comportamento da família e da aldeia, que fica em algum lugar de Banat, região limítrofe da Romênia com a Hungria e a Sérvia.
Todos os contos são carregados de tristeza e conformismo. Não há liberdade de ser o que se é, mas o que se esperam que você seja, num mundo que é assim mesmo.
Como a autora cresceu sob de Ceausescu e mudou para a então Alemanha Oriental, levou consigo o sentimento de seu povo e da opressão que é a vida numa ditadura. Ela recorre a frases curtas, fragmentadas, para que o leitor imagine a beleza ou a dor do momento.
Vale a pena a leitura!
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