Coleção Folha - 112 páginas
"Se não houver um braço amigo que nos ampare, ou se não fizermos um esforço súbito para nos afastarmos do abismo, saltaremos e seremos destruídos." (página 10)
Sempre tive curiosidade em ler algo de Edgar Allan Poe, mas fui adiando. Ao ler o primeiro conto ("O demônio da perversidade"), já fui cativada. E não é que ele toca justamente nesse ponto, o de postergar uma tarefa? Para ele, aliás, essa ação "simples" é um dos sintomas do que ele chama de "perversidade". Sabemos que a ação deve ser feita, mas adiamos até o ponto desta não ter mais valia. Nos consumimos pensando na ação, ao invés de executá-la de uma vez.
Outro sintoma é ser consumido por falar algo que pode te prejudicar, mas que mesmo assim você se vê compelido a abrir a boca.Como explicar? Só pode ser essa tentação do mal! O resultado? É a agonia do narrador do conto. Um assombro.
Em "Hop-Frog e os Oito Orangotangos Acorrentados", somos levados a um reino onde o rei e seus sete ministros "se destacam pela maneira como contavam uma história engraçada ou como planejavam troças que o divertissem." (pág. 13) Eram gordos e brincalhões e se divertiam judiando de um anão deficiente (Hop-Frog), que fazia o papel de bobo da corte. Como planejam um baile de máscaras e não sabiam o que vestir, chamaram o anão para alegrá-los, fazendo com que este se embriagasse. Ao ver o sofrimento do amigo, Tripetta, que também era anã e servia na corte, tentou intervir e apanhou.O resultado foi um baile inesquecível para o rei e todo reino!
Já em "Os fatos que envolveram o caso do Mr. Valdemar", é um conto sobre
hipnose. Será que é possível hipnotizar alguém no limite da morte e enganá-la?
"O Gato Preto", vemos como a vida de um homem pode se destruir pelo álcool e pela violência. O final, surpreendente, é conhecido de muitos.
Em "Nunca aposte sua cabeça com o diabo", conhecemos Dammit que, de forma leviana, faz sempre apostas desse tipo. Um dia, porém, ele perde a aposta e aí... o bicho pega!
Por fim, "Assassinatos na Rua Morgue" fala de dois assassinatos brutais que ocorreram em um casarão de Paris e que desafiam a polícia e a opinião pública. Quem poderia ter feito algo tão brutal? Como? E aí entra em cena o amigo do narrador, Monsieur C. Auguste Dupin que tem o dom de descobrir as coisas, apenas pela dedução e lógica das coisas. E não é que ele conseguiu descobrir? O "como" e o "porquê" são absurdos.
Leitura obrigatória para quem curte o gênero!
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