segunda-feira, 26 de maio de 2014

Divergente

Veronica Roth
Rocco - 502 páginas

"...o objetivo não é perder o medo. Isso seria impossível. Aprender a controlar seu medo e libertar-se dele é o verdadeiro objetivo." (página 251)

A trama se passa numa Chicago futurista, onde a sociedade foi dividida em 5 facções: Abnegação, Franqueza, Erudição, Amizade e Audácia.

As famílias se formam nessas facções e os filhos, ao completarem 16 anos, devem passar por um teste de aptidão e escolher uma das facções.

Os pais torcem para que seus filhos escolham permanecer na facção original, mas não é isso que acontece na família Prior, da Abnegação: Beatrice e Caleb são irmãos, com poucos meses de diferença, e fazem as suas escolhas. Ela escolhe a Audácia; ele, a Erudição.

A partir daí, eles serão ensinados e treinados conforme as premissas da facção escolhida. Beatrice muda seu nome para Tris e, desde o primeiro momento, é desafiada a tomar atitudes ousadas e arriscadas, como correr para pegar um trem em movimento ou se jogar de cima de um prédio para cair numa rede invisível a muitos metros abaixo.

O treinamento é duro e ela vê sua vida ficar um "triz" várias vezes, simplesmente porque está lutando para se manter nas primeiras colocações, já que os últimos colocados são dispensados e se tornam "sem-facção" ( e sem direitos).

O livro é eletrizante e te prende, mas tem um "porém": é mal escrito e tem erros de tradução (sim, você vai ler coisas do tipo "O trem deve estar passando a qualquer momento"). As descrições dos prédios e dos complexos das facções não são claros mas, com boa vontade, dá pra seguir em frente.

Não assisti ao filme, mas quem viu disse que se mostrou bem fiel ao livro e, melhor, deixou claro esses "buracos" das descrições.



Se quiser arriscar, se prepare para a adrenalina!


terça-feira, 20 de maio de 2014

A garota que você deixou para trás

Jojo Moyes
Intrínseca - 379 páginas

"Passaram-se anos até ela conseguir ver a felicidade dos outros sem lamentar a perda da sua." (página 142) 

Jojo Moyes tem o dom de escrever tramas paralelas de uma forma que te prende do início ao fim.

A história começa em St Péronne (França) na época da
Guerra Mundial: Sophie Lefrève vive com a irmã Hélène e os sobrinhos pequenos em um pequeno hotel da família e se vê obrigada a cozinhar para os soldados alemães. 
Assim que entra no hotel pela primeira vez, o comandante alemão Friedrich Hencken se encanta com o quadro "A garota que você deixou para trás", uma pintura de Sophie feita por seu marido artista Édouard, que agora se encontra em um campo de prisioneiros.
O comandante, amante das artes, se mostra afável com Sophie e, num momento de desespero, ela faz uma proposta a ele, sem medir as consequências de sua decisão.

Quase cem anos depois, o quadro é comprado por David Halston para sua esposa Liv e fica exposto na bela casa de vidro do casal em Londres. Certo dia, porém, os descendentes da família Lèfreve se dão conta do extravio do quadro e entram na justiça para reavê-lo, alegando que a obra fora roubada pelos alemães na época da guerra. 
Liv, agora viúva, não aceita entregar o quadro, que tem um valor sentimental inestimável, e luta por ele. Para isso, ela investe todos os seus recursos e sua vida.

Você vai viajar no tempo e na história dessas duas mulheres, torcendo por suas conquistas, chorando com suas dores. 

É um livro que te envolve pela sensibilidade e pela excelente trama.

Vale a pena a leitura!

p.s. virei fã de Jojo quando li A última carta de amor (2012). No ano seguinte, me encantei por Como eu era antes de você.

 






domingo, 4 de maio de 2014

Em Busca de um Final Feliz

Katherine Boo
Editora Novo Conceito - 287 páginas

"Ser pobre em Annawadi ou em qualquer favela de Mumbai, era ser, invariavelmente, culpado de uma coisa ou outra."

Katherine Boo, redatora da revista The New Yorker, um dia se apaixonou por um indiano e, apesar de na época já ter feito reportagens sobre comunidades pobres nos EUA, não conhecia a realidades dessas comunidades na Índia.

Por isso, decidiu viajar para Mumbai e relatar o dia a dia dos moradores de Annawadi, uma favela com 3 mil moradores, que fica próxima ao aeroporto internacional de Mumbai.

A vida na favela não é fácil: falta água, falta emprego, as crianças vivem mordidas por ratos, há inveja, fofoca e maledicência. Ninguém pode confiar plenamente no outro, seja na vizinhança, seja em sua própria casa. Os suicídios são comuns e as mortes sem investigação policial, idem. É um mundo cão, num país em ascensão econômica, que ainda registra "um terço da pobreza e um quarto da fome no planeta."

O ponto de partida é o suicídio de Fátima, a Perna Só, que culpa seus vizinhos de tê-la espancado momentos antes de decidir pôr fim à sua vida.

Abdul, um garoto que "tinha 16 anos, ou talvez 19" que comprava e vendia lixo reciclado, seu pai e sua irmã vão parar na cadeia por causa disso, apesar de não haver provas contra eles. Pelo contrário, a própria filha da vítima os inocentou. Mas, o que conta é quem pode pagar e subornar mais, quem tem cacife e conhecidos na polícia e na política. Enfim, vence quem se submete a esse esquema sujo e corrupto do mundo.

"Perceber como o mundo funcionava, além das mentiras, era para ele uma armadura." (pág. 61)

Além da família de Abdul Husain, muçulmana, conhecemos a família de Asha, líder da favela, que capitaliza o que pode com as desgraças dos vizinhos. Casada, mãe de 3 filhos, ela ainda ganha algum dinheiro na noite, com policiais corruptos. Sua filha, Manju, dá aula para as crianças que não podem frequentar a escola regular

Há ainda Sunil, Rahul, Meena, Zehrunisa, Mirchi, Kalu... que não são apenas nomes diferentes para nós acidentais, mas são personagens reais, que carregam seus sonhos e tem suas histórias de vida relatadas com muita sensibilidade. Histórias que aconteceram entre Novembro de 2007 a Março de 2011 e foram presenciadas em sua maioria pela autora.

O resultado é comovente e, com certeza, irá provocar muitas lágrimas para quem acompanhar tudo até o fim.

Imperdível.